Nasci contigo...
Em meu ventre te gerei e aprendi a viver contigo...
Em meu ventre te gerei e aprendi a viver contigo...
És companheira de sempre...
Provocas alegrias, provocas a dor...
Provocas alegrias, provocas a dor...
És um estado de espírito que amedrontas todos nós
com os medos das perdas...
Perda da segurança que a vida nos dá...
Medo do vazio...
E até da própria imagem debaixo da terra,
onde a imaginação nos obriga a rejeitar-te...
Para mim és o descanso, és o amor, és a paz de espírito...
A solução para os infelizes, a solução para os doentes físicos,
como também para o covarde...
E aqui chamo à atenção...
Depois de fazerem todos os disparates,
utilizam a morte para um reconhecimento...
A morte é vista, em muitas religiões, como um nascimento,
um renascimento, um festejar a vida,
a morte física como o nascer de um espírito..
Em meu ventre um grito de agonia traz de volta
uma realidade que se transforma em saudade...
O luto dura a vida interna, porque a externa funciona como um robô...
Lágrimas rolam no meu rosto e perdem-se no espaço...
A solidão é solidificada pelas memórias de um porta-retratos
esquecidas e amareladas pelo tempo,
afogada em corpos de vinhos embebedados
pelo cheiro de roupas usadas, de ruas e calçadas percorridas
num cambalear chocante a uma sociedade feita de hipócritas
e para mortos vivos, zombies...
A morte permanece sempre em nós, quer física ou espiritual...
Tudo se transforma, tudo é transformado...
Ainda hoje a prolongamos ou tentamos prolongar,
mas ela engana-nos sempre...
Quando menos se espera aí está ela...
O segredo da morte é viver...