terça-feira, 10 de maio de 2016

O Peregrino









Descalça percorro estradas
Tendões rígidos pela tensão
Feridas abertas
Pela bolha transparente
De pensamentos de fé
Na procura do paraíso fiscal
Impostos  desviados
pela fuga da dor
Promessas projetadas
Na força, na esperança
Do equilíbrio da alma
Pagas no portal digital
Mesas postas de alimentos
na comunhão do queijado
Seguro a lágrima
Caída a céu aberto
Câncer de solidão
Esmagado por pegadas
Cruzamentos de gerações
Numa peregrinação emigratória
Arranco dentro de meu peito
O grito.... porquê meu Deus
Massajo a fé
Duas mãos calejadas
Rezam terços no rosário
Contas e mais contas
fechadas por bocas silenciosas
No regresso
Á Virgem Maria
A luz da vela acesa
Numa assembleia espiritual
Peço perdão...
Nostalgias soluçadas
Da chegada ao embalo de minha mãe
Cumprida a promessa
A transformação começa
No voo preso a juras
Lenço brancos  no adeus
Percorro labirintos
Na fonte bebo  a sede  da fé
Inesgotável amor
Em paz ...
Digo....Ámen