Olhei a montanha
e senti-me insignificante perante tanta grandeza...
Os meus olhos percorrem árvores vestidas de cor
e cheiros da terra, do nevoeiro,
a formiga calcada pela ignorância do seu andar...
Mas o cantar da cigarra lembra o Verão perdido neste mar imenso, verde...
Onde tropeço nas raízes escondidas, por vezes desonestas,
mostrando cobras em forma de alimento...
Onde devoram almas que fogem do desconhecido,
injectando veneno, paralisando-as de medo
que perdem o andar e a capacidade de raciocínio...
Onde a cascata, nos meus ouvidos, lembram a minha infância...
Onde numa inocência brincava ao pé coxinho, à cabra cega...
Tornei-me na triste viuvinha que andava na roda da vida
a chorar um choro de criança que tudo tem e nada a satisfaz...
O nevoeiro levanta-se e é deslumbrante!
O que vejo?
Vida!
Raios de sol penetram no meu corpo,
aquecendo a alma de tão forte ser a sua luz...
Incendeiam-se paixões na floresta num abrir e fechar de olhos,
onde prisioneiros a este fogo ficamos...
Sufocamos com tanto fumo que nos aparece,
o tal nevoeiro que nos perturba a visão,
mas continuo a querer olhar a montanha
e sinto dentro de mim uma alegria imensa de ver tanta beleza nos meus olhos...
Volto para a cidade marcando caminhos para renovar o queimado
já transformado pelas primeiras chuvas...
E a Primavera em flores é como o verde da esperança...
Tudo voltou ao seu lugar...
A minha floresta!