quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A Inocência



Eu sou uma pulguinha que se chama inocência.
Estou sempre a saltar de um lado para o outro inocentemente.
Os humanos não gostam de mim
 e eu, coitada, na minha inocência não sei o porquê...
Todos me querem apanhar... 
Porquê, não sei...
Não fiz mal a ninguém...
Além de picar a paciência das pessoas
deixo marcas em como passei por ali.
Mas eu sempre fiz isso desde que me conheço como pulguinha,
desde que nasci...
Não entendo porque se chateiam comigo...
Estou inocente...
Eu até gosto tanto dos animais, que são os nossos melhores amigos, 
e os seres humanos tentam afastar-me deles, coitadinhos...
Gosto tanto de fazer cociguinhas e eles fartam-se de cocar todos felizes.
Eu gosto tanto deles...
Acreditem em mim que estou inocente.
De vez em quando também vou para casa,
mas lá ouço o balde e a lixívia e já me estão a mandar de lá para fora.
Não entendo o porquê...
Se calhar por isso sou uma pulguinha...
Ando de um lado para outro, nunca estou sossegada. 
Eu sou inocente de nome.
Eu agarro-me às pernas das pessoas, mas elas não me querem...
Até dizem palavrões...
Para onde eu vou sou sempre rejeitada... 
Eu até já pensei fazer queixa à Liga dos Animais.
Eles protegem muito os animais.
Porque eu sou inocente vou acabar sozinha. 
Nunca chego a velhinha, visto que todos me querem apanhar. 
Se calhar até para me matar...
Não sei, não percebo...
Sou inocente. 
Mas quando em vossas vidas aparecer uma pulguinha
lembrem-se de mim... a inocência!