terça-feira, 29 de julho de 2014

Obrigado




Palavra de gratidão, de educação...
Palavra falada mudamente,
embrulhada na vergonha,
com um sentimento vazio...
Obrigado...
Um sentimento tornado em tesouro,
guardado só para ser utilizado em ocasiões especiais.
Obrigado, por estares ao meu lado...
Obrigado, por tanto amor...
Obrigado, por me ensinares a vida...
Obrigado, por falar por palavras
ditas em gestos, em momentos...
Obrigado, por seres filha, mãe, pai,
amigo, amiga, companheiro...
Mas obrigado por ouvires um sorriso
no vento desenhado na nuvem...
O rosto em forma de estrela, estrelado num céu,
tão brilhante que aquece...

terça-feira, 22 de julho de 2014

Abandonado




Por diversas vezes pedi a tua mão,
precisei do teu abraço...
As lágrimas caíam pelo meu rosto pela tua saudade...
Ainda tenho a ilusão de falar contigo,
mas quis o destino que te levasse para uma terra
tão distante a que eu chamo lembrança...
Memórias vazias de afagos...
São como o fumo da chaminé que não consigo agarrá-lo,
porque me foge entre os dedos do amor...
Abandonado, fico sentado na frieza da pedra mármore
com a certeza que não voltas...
Num adeus ficam fios de cabelos soltos,
nas palavras doentes de mentes fracas
trocam-se verdades pelo abandono...
Sim, sou eu abandonado...
Para ti deixo o meu renascer numa vida encontrada...
O telefone toca, ouço a voz muda pela morte
e, no silêncio, um punhado de terra de rosas brancas na despedida...
Abandonado encontro o conforto de quem eu sou...
Entro pela vida, entrego-me na tua luz
e feliz digo, obrigada!

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A Maquete


No horizonte da vida fazemos projectos.
Sonhos, sonhos, sonhos...
Dentro destes construímos cada grão de areia.
Em cada sentimento entregamos imaginação,
objectivos como também muito querer, acreditar.
Uma vida de sonhos tornados realidade...
Mas outros construímos como se a força do desejo fosse mais forte
e projectamos um desejo de vencer.
Com muita paciência, como se de uma devoção se tratasse,
trabalha-se o desejo de vencer.
Construímos os castelos e, na imaginação de meninos,
o sorriso volta e o acreditar fica.
As maquetes estão prontas, falta a realização.
Se brincamos às crianças?
Vamos brincar, brincando.
Vamos realizar sem medos.
O sonho é seu, construa!

A Lua



Encontrei uma amiguinha que se chama lua.
Estava um pouco triste, porque estava a passar 
por uma fase muito aborrecida, quarto minguante.
Fui buscar um livro e com muito amor contei-lhe a história:
todas as fases da vida têm a sua razão de ser.
Hoje, a lua é quarto minguante,
porque se está a transformar em lua nova,
depois quarto crescente que se transforma em lua cheia.
Todas as fases da lua são importantes.
Seja ela qual for é necessária ao homem, assim como à terra.
Cada uma tem a importância que tem.
Um luar cor de prata olhou para mim
e iluminou o seu sorriso.

domingo, 13 de julho de 2014

A Bíblia



Era uma vez ....
Toda a história começa assim, mas, hoje, vou contar um caso verídico,
o que não deixa de ser uma história real.
Hoje, como há muitos anos atrás também se emigra.
Hoje, são os filhos, mas os pais também já o fizeram na procura de uma vida melhor,
não só para eles como também para um família que iriam construir.
Neste caso, um casal emigrou para as províncias ultamarinas, Moçambique.
As viagens eram feitas por barco, não havia as chamadas viagens low-cost.
Os pais davam preferência às crianças de estarem com a familia de Portugal.
Numa dessas viagens um menino de 12 anos viajou ao cuidado de um casal,
senhores de confiança, para ver os avós.
Este menino era muito especial, educado, muito inteligente,
mas com uma Fé muito grande.
Todo ele era uma Luz viva pela alegria, pelo empenho
que punha em tudo e, principalmente, pelo seu enorme coração cheio de amor.
O seu desejo de abraçar os avós era enorme...
Nesta sua viagem de sonho, em alto mar, abateu uma tempestade muito grande,
o navio chocou e partiu ao meio.
Este menino viu pessoas a serem degoladas pelas chapas, viu pessoas mortas a boiar...
Encontravam-se todos nos camarotes, altura de dormir, quando tudo isto aconteceu.
O menino tinha o hábito de ler passagens da bíblia nos seus momentos...
Em S.Mateus, a passagem bíblica dos apóstolos em alto mar, sob uma tempestade
Jesus acalmou-a e disse, tende Fé e nada vos acontecerá...
Este menino, na aflição, pegou na bíblia, apertou-a contra o seu peito
e disse para consigo mesmo, se eu a tiver comigo nada me acontecerá..
E o milagre aconteceu...
A sua Fé era tão grande que sobreviveu ao acidente
e foi encontrado agarrado à bíblia, no seu peito,
porque ele tinha um sonho de ver os avós...
A sua Fé, o seu querer, a sua força...
Hoje, é um homem que continua com a sua bíblia,
porque ela continua viva, apesar de terem passado muitos anos,
e é o testemunho vivo de náufragos, sobreviventes das tempestades da vida.
A bíblia é um relato de vidas, de Fé, de princípios.
Assim como a vida, ela só é entendida quando pedimos Luz e
ao abri-la lemos aquela mensagem...
Dia após dia conseguimos entender, mas não ler.
O sonho são as pernas da vontade...
Sonho, Fé...
Fé, acreditar...



A Âncora




Uma âncora é um instrumento náutico pesado
e, geralmente, de metal que permite fixar,
no fundo dos mares rochosos, arenosos, o navio no local desejado.
Nas partidas levantamos a âncora.
Nas chegadas lançamos a âncora, por segurança.
Mesmo navegando em alto mar, ela está resguardada, mas presente,
o que nos ensina a termos uma segurança dentro de nós.
Este navio já andou em vários portos
e, por consequência, deve ou devia conhecer,
minimamente, o local e a sua profundeza.
Já transportou muitas raças, feitios e até idades,
mas nunca foi impedimento de seguir a sua viagem,
porque todos os passageiros acreditam na segurança desta âncora.
Garrar é o termo para chamar a âncora que não agarra
e se arrasta no fundo porcausa da corrente ou vento fortes.
A segurança que nos transmite é de um bem-estar...
No conjunto, no navio são todos importantes
e não se descuidam os pormonores pequenos,
porque desses formamos um navio de grande ou pequeno porte.
A âncora é a parte mais bonita do navio, mas passa a vida escondida.
Por vezes, esquecida e relembrada quando voltamos a necessitar da segurança.
Para que o seu navio possa andar em altos mares
precisa de utilizar a âncora
que são os seus valores guardados bem dentro de si...
A sua passagem pela vida necessita de atracar
com a segurança, que só você pode fazer.
Goze a viagem da vida sem sobressaltos.
Leve no seu barco quem você permite.
Regra básica nesta viagem, o respeito.
Srs. passageiros ponham os coletes
que vamos levantar a âncora.
Boa viagem!

A Trança


Mãos que entrelaçam vidas,
segurando-as com a perfeição de um trabalhar prudente,
como se de linhas de caminho-de-ferro se tratasse.
Um fio de cabelo teu são pedaços de trechos escritos
em curvas e contra-curvas da montanha percorrida.
Escadas da vida delicadas, mas deliciosas, pelo perfume da laca.
O arco-íris dos meus cabelos reflectidos pelo sol
são cascatas, onde o silêncio é feito pela floresta escondida.
Entrelaço, com amor, vidas desde que nasci,
sentimentos, alegria, amor, numa união perfeita entre tu e eu.
O manequim está pronto para uma passarela
de encontros fortes,de abraços quentes
com a certeza que não cai um fio de cabelo que não seja lembrado.
A trança são momentos envolventes entre o querer e a beleza.


Nua



Descalça com a vida fico nua...
Areia fina do teu olhar queima a alma
pelo calor de corpos sentados
na brisa do teu sorriso...
A espuma do mar nos meus dedos
são diamantes espelhados pela tua luz...
A nudez deste mar imenso é confundida
com lençóis enrolados em ondas de amor...
Fico parada à espera que o tempo, quieto,
me mostre o pôr-do-sol...
A brisa leve fecha-me os olhos no sonhar acordado,
despida de preconceitos pela emoção...
A natureza sorri, a velocidade do tempo passa
e eu nua, vestida pelo teu abraço,
de uma beleza nos teus olhos como o pôr-do-sol ....
Caminho em direcção às nuvens
no saborear o algodão doce da vida...
Nua, transparente...

domingo, 6 de julho de 2014

O Tráfico Humano



Tráfico humano, de droga, de orgãos, de sentimentos...
Tráfico humano sempre existiu e continua a existir...
Os espermatozóides no homem já são comprado por homens, mulheres,
quer em clínicas próprias para isso, mas aos olhos da lei,
quer também para o tráfico de prazer,
por uma noite, numa busca contra a idade.
Qualquer homem é um possível traficante de espermatozóides,
mesmo sem o saber.
É utilizado e manipulado não só pela mulher,
como também pela oferta monetária do mercado,
numa sociedade onde se sobrevive a um tempo sem tempo.
O tráfico de drogas consiste em ilusões...
O mundo precisa de sonhar sem sofrer
e o sonho torna-se em pesadelo
e ficamos prisioneiros de corpos transparentes.
Droga, palavra injectável que vagueia por estradas emocionais da vida...
Tráfico de orgãos, pequenos nadas vendidos por bancos...
Milionários, tesouros apodrecidos com o tempo numa venda
em pó como se de uma droga se tratasse...
Cemitério, rede de energia passada
de museus de pedra mámore numa terra do nada...
Tráfico de famílias, de preconceitos, de valores e de julgamentos...
Afinal, quem é o traficante?
O que trafica ou o que se deixa traficar?
Nascemos num mundo traficante e sobrevivemos...

A Bola

 

Em teus pés brinquei, em teus pés joguei.
Rolei sobre os teus olhos
e sobre o comando de voz saltei na euforia.
Grito, é agora, e num nervosismo abafado pelo roer de unhas
pinto o meu rosto com as cores da minha pátria 
e jogo um jogo de seleção por mim feito.
Ganho amigos, conheço países na procura redonda da bola,
encontro amores entre as palmas dos golos
e abraço olhares quentes pela mágoa do hino nacional.
Encontro o adversário ao virar da esquina
com a garrafa de cerveja, a caipirinha e o cachecol de vestuário.
Fico atenta ao driblar das ancas
na sedução provocada pela beleza do relvado, verde da esperança.
Com o coração a pulsar, o sangue vermelho faço
a minha bandeira preferida de uma pátria de emigrantes
num mundo onde todos jogamos o amor à bola.
Gritos de gargalhadas e melodias de apitos
num penálti de lágrimas de emoção.
Nasceu...
Goloooooo...
Goloooooo...
Goloooooo...


O Útero Seco









Coração seco ou útero seco?

Qual a diferença?
Toda a mulher nasceu com o dom de ser mãe, de parir,
de gerar uma criança feita de circunstâncias...
Não estava à espera, mas aconteceu e ama, viol,ada,
apesar dos traumas psicológicos, mas ama...
Mas, principalmente, feita de uma relação de amor...
Ama de igual modo, porque o amor de mãe é incomparável
a todos os outros amores e, posso acrescentar que,
quem já pariu, esse sentimento, é intocável...
Mas toda a mulher que tem esse dom, de ser mãe,
também se pode tornar um útero seco...
Se tudo começa no útero podemos considerá-lo o coração da vida.
Quantos são os casos, também, em que a mulher deseja engravidar
e, também, por circunstâncias da vida, problemas de ovários,
problemas de espermatozóides e aqui pode incluir o stress,
como também situações de saúde a impedem de gerar um filho..
Existem as mães de aluguer conscientes, a adopção,
como também vias marginais, tráfico humano, rapto de menores
que existem cada vez mais...
Devemos cuidar dos filhos...
O investimento e o abandono, o roubo familiar, 
tudo isto é tratado por uma sociedade de tapa buracos...
Resolvem-se uns, mas outros ficam maiores...
É a degradação humana autorizada
pelo homem na sua pobreza de espírito,
mas com grande evolução na medicina...
O contraste entre a vida e a morte...
Ladrão é o que rouba o que não lhe pertence...
Já há várias categorias e carteiras profissionais...
A mais esquecida é a dos ladrões de emoções...
São os que roubam toda a emoção de se ser mãe,
tornando-as em mulheres de útero seco de tanto chorarem a dor...
Não é um abandono voluntário, porque se fosse chamar-se-ia de adopção...
Pariu, com amor, foi violada nos seus direitos de ser mãe...
Os ladrões de almas roubam essa vida, trocando-a por palavras,
ofenças, mentiras, que as tornam alcoólicas do abandono...
Estas crianças, mais tarde, homens e mulheres, são filhos de ninguém...
Nem foram adoptados nem são orfãos...
Não conhecem o pai e a mãe, foi-lhes negado esse direito à vida...
Pergunto, quem tem o útero seco?
Os que nunca pariram, ou os que pariram e se tornaram em útero seco?
A verdade pertence a cada coração e escutem o bater da vida,
da verdade dentro de cada um de vós...
Só com amor se constroem valores...
Só com amor se educa...
Só com amor somos homens e mulheres...
Só com amor somos melhores...
Porque o amor faz o milagre da vida...
Amem e deixem-se amar...



quarta-feira, 2 de julho de 2014

As Pétalas


 

Sobre o teu olhar despedi-me com um até logo...
Cada detalhe de ti ficou em cada pétala
e em todas elas o teu rosto desenhado...
Desfolhei-as sentado no banco do jardim
com a esperança de te encontrar marcado...
A telefonia encanta corações...
Num mendigar estendo a mão para te colher...
Tantos amores vividos, marcados em ti,
mas fica a flor como registo desse amor tatuado...
Em cada jardim, vejo-te...
Em cada flor, encontro-te...
Em cada pétala sinto o teu cheiro perfumado...
Na Primavera nasces...
No Verão brilhas...
No Outouno escondes-te...
No Inverno fechas os olhos...
No adeus à vida fica a esperança da semente
de voltar a encontrar o teu rosto em cada pétala...


Os Castelos


Castelos reais, imaginários...
Tudo depende do próprio querer.
Castelos são mundos que construímos,
pedra sobre pedra, com o desejo de protecção.
Também os castelos encantados são
um mundo de fantasia que nos faz sonhar...
Peguei em cada grão de areia molhada 
e,
com toda a delicadeza, 
fui vendo crescer todos os pormenores,
construídos pelas minhas próprias mãos.
É delicada a vida e a minha construção...
Mas também penso que é a imaginação que me leva
a trabalhar no castelo e transformá-lo naquilo que desejo.
Os reis tinham a estratégia perfeita para se defender...
Será que os reis também tinham que estar à espera
da estratégia daqueles que vão atacar?
Não, o castelo foi feito pelas minhas mãos...
É o meu querer, o meu sonho...
Todos os detalhes tão delicados e impressionantes...
Castelos reais todos nós temos e defendemos,
de acordo com as nossas convicções...
São mundos de vida sobreviventes a uma história de passado,
com a armadura vestida e preparada para um futuro.
Nas minhas mãos transporto a vida que quero ter,
mas a vigilância contínua marca cada olhar de curiosidade.
E como o sonho comanda a vida,
a vida oferece um mar imenso de escolhas...
Faça a sua, consciente e feliz...
Nos castelos vivem reis, rainhas, princesas, príncipes...
Reine e encante!

O Silêncio



Mamã?! Onde estás?
Tenho medo, está tão escuro aqui... 
Mãe, mamã, não consigo ver-te, o que aconteceu? 
Parece que estou fechado num lugar... 
Mas eu não fiz nada... 
Sempre me portei bem a não ser daquela vez 
que comi chocolates escondido de ti... 
Também sujei as sapatilhas... 
Pediste tanto para não me sujar... 
Desculpa, mamã... 
Também era teimoso porque não queria fazer os deveres... 
Gostava tanto de jogar à bola ou ver os bonecos... 
Desculpa, mamã... 
Estás a ouvir-me? 
Mãeeee! 
Estás a chorar? 
Estou aqui, fala para mim, por favor... 
Prometo que vou fazer sempre o que tu queres, 
mas às vezes não entendo... 
Dão-me ordens que me confundem e eu sou, apenas, 
uma criança que quer brincar... 
Tu, mamã, não tens tempo... 
O papá está a trabalhar, também... 
Desde que acordo estou sempre a fazer 
o que os adultos me dizem... 
Eu não penso?! 
Posso pensar que ninguém me quer... 
Mas também posso pensar que todos gostam de mim, 
por isso exigem muito... 
Mana, por favor, fala comigo... 
Continuo sem te ver nem te ouvir... 
Mãe, mamã... 
Espera, vejo uma luz... 
Que linda! 
Pareces tu quando sorris para mim... 
Olha, tem duas asas e diz-me que me vem buscar... 
Já estou mais feliz, porque assim posso-te ver... 
Mãmã, ouço os teus soluços... 
Estás a chorar? 
Eu estou aqui ao teu lado... 
Estou tão feliz mamã... 
Olha o pápá, o avô, a avó... 
Estão todos a chorar... 
Não sei porquê se estou aqui... 
Espera, estão a abraçar uma caixinha branca 
e tem lá uma fotografia... 
Mas sou eu, mamã... 
Não entendo... 
A senhora igual a ti diz que agora vou para o céu. 
Estou feliz porque sempre me disses-te, mamã, 
que lá só estavam anjinhos 
e eu vou ser um deles para olhar por ti, mamã... 
Mamã, papá, não chorem... 
Eu estou feliz! 
Sempre me disseram que se eu estiver feliz 
todos também ficam... 
Estou feliz! 
Amo-te, mamã... 

O Vento




Perguntei ao vento para onde ía e
para me levar no seu espaço...
No rodar da vida faço migalhas de pão...
Respondeu-me, porque corres se nunca te vês?
Porque choras se o amanhã tudo muda?
O pensamento passa por me sentires...
Não sei de onde venho ou para onde vou...
Sei apenas quem eu sou...
O vento que zurra na escuridão da noite...
Passo por janelas batidas,
faço remoinhos com a força do querer.
Como invisível seco a roupa no terraço
e nos teus braços levo velas no alto mar
embaladas pelas ondas do mar.
Estou com frio...
Veste-me de inverno...
Abrigada, penso em ser um pedaço de papel
com liberdade de escrever.
No cair da folha a sementeira do amor
é espalhada pelo vento
e em cada canto da vida o sorriso ilumina corações,
alivia dores e fortalece, com aragem quente,
as cigarras a cantar.
Pirilampos iluminam o caminho de casa.
Reina o sossego, a paz...
Cheguei a casa.
Vento para onde foste?
Onde estás tu?
Posso ver-te, posso sentir-te...
Assim é todo o espírito nascido...

quinta-feira, 26 de junho de 2014

A Paciência de Jó



Uma história bíblica que nos conta a força da fé...
Havia um homem muito humilde, trabalhador e amigo da família.
Um dia o seu corpo encheu-se de pequenos tumores.
Calmamente, sentado ia raspando com um caco toda a ferida.
A sua esposa vendo este sofrimento e indignada perguntou-lhe:
Que Deus é o teu que te faz sofrer
se sempre foste um homem recto e temente a Deus?
Respondeu-lhe Jó: 
Mulher, na vida sempre recebemos o bem,
porque agora também não receberíamos o mal?
Com este exemplo reconheceu que estava a ser injusta 
com quem lhe ajuda tanto ao longo da vida, Deus...
Todos nós somos Jó, trabalhadores e humildes,
porque todo o espírito que trabalha significa que evoluiu espiritualmente,
que procura o respeito como ser humano...
De vez em quando aparecem provações
que testam as nossa capcidade de humildade...
Os cacos são pequenos nadas, pequenas situações que nos transformam
a capacidade de raciocínio, mas somos obrigados a sobreviver...
O respeito por cada um de nós obriga a comportarmo-nos
com decência, com fé, com muito amor...
Não é quando as coisas correm mal que deixamos de ser quem somos...
Pelo contrário, activa o medo e força-nos a resolver todas as situações.
Jó com a sua paciência e sabedoria, Fé,
não desintindo do seu Deus, conseguiu sempre, pacientemente, 
raspar as feridas uma a uma...
A paciência cultiva-se todos os dias...
E vamos regá-la com muito amor...

O Aeroporto



Partidas, chegadas...
Encontros, desencontros...
Um mix de raças, uma passarela de modelos incógnitos...
Rostos felizes como rostos tristes...
Um local de embarque para férias,
um local de embarque para trabalho...
Duas emoções opostas que se cruzam num soluçar...
Línguas diferentes, mais parecendo melodias,
que tentamos ouvir, mas sem perceber, e o sorriso mostra...
Cruzam-se olhares tímidos, gestos gentis, mas sinceros,
que se prolongam numa espera desgantante pelo tempo...
Pergunto, quanto tempo falta...
O microfone continua silencioso...
No placar alterações de atraso, o conformismo...
O meu computador, o telemóvel, o cigarro descansa a atenção...
Srs. passageiros, apertem o sinto...
Alegria do medo transformada em esperança de um regresso a casa...
O trabalhar das ventoinhas, o roncar dos motores, a minha imaginação...
Rezo, rezo muito e sou atendido...
Na chegada encontro um abraço, um sorriso, um amor
que me envolve com magia...
Na chegada, nascer, choro...
Na partida, no morrer, choro...
No meio fica o aeroporto, vida...
Desejo boa viagem, Srs. passageiros! 

O Abutre



O abutre é uma ave de rapina voraz, infecta e pesada,
de asas compridas que vive de restos de mortos ou de carniça,
comum no continente africano.
Abutre é o nome vulgar que é dado às aves falconiformes,
também conhecidos como abutre-do-velho-mundo.
Eu chamo-lhes os engravatados...
Vivemos num mundo onde toda a política está cheia de engravatados 
pela sua altivez, como corrupção.
São animais super inteligentes, conseguem o seu objectivo
com muita calma e paciência, o alimento.
A morte para eles é um banquete.
Muitosna vida activa também estão à espera dessa morte,
desse desalento para conseguirem ocupar o lugar que tanto esperam...
A estera traz resultados bons para ambos os lados, mas não o desespero...
O desespero obriga-nos a tomar posições que nos levam
a um desgaste físico e mental...
Trabalhe em função dos seus objectivos e não veja os engravatados...
Pelo contrário, afaste-se deles, mesmo que continue a perseguição,
porque o cheiro a desalento, a dor, a revolta ainda lá continua...
Mas com a luta de sobrevivência os abutres chegarão à conclusão
que não era ali o seu lugar e voam em direcção a outra terra,
para lugares fronteiriços...
A envergadura pode atingir 3 metros e têm como companheiros os grifos.
Assim na vida seremos, ter companheiros que gostamos,
mas somos obrigados a pôr uma regra, apenas a sobrevivência...
O segredo de longevidade no trabalho, guardar sempre o melhor para nós...
Não desanime, não se deixe abater, por vezes,
com palavras menos correctas...
Não caia para que as forças segurem as suas penas e siga em frente...
Use a sabedoria e verá que vencerá todas as barreiras...
A semelhança entre o abutre e o homem:
o abutre espera paciente o que deseja,
o homem revolta-se com o que deseja...
Pense com carinho o que os animais nos ensinam...
Dão-nos lições de vida...
Afinal, quem é o racional?
Afinal, quem é o irracional? 


terça-feira, 24 de junho de 2014

A Galope


No caminho para as montanhas encontro prados verdes
que me lembram a esperança de alcançar a vida...
Com os meus pés descalsos pela erva e pelas chuvas da Primavera
encontro pequenos nadas que me engradecem a emoção...
A pedra atravessa o meu descalçar e um aí digo em silêncio
para que o meu eco se transforme em melodia...
Ao longe vejo mãe e filho num entrelaçar de pescoços que,
tranquilamente, galopam em ternura...
Chego perto e, de olhos nos olhos, o desafio é intenso e,
docemente, peço que me embale na liberdade dele.
E lá vou eu a galope por um mundo que é meu, a liberdade,
num mundo onde as regras são iguais
e o vento entrelaça as tranças num bailado de caudas,
lembrando-me as tribos africanas, o que os seus valores são,
o que tu queres ser, o que tu queres fazer...
Trabalho com a tribo dos índios na amazónia, onde me banho nos rios...
Sigo a galope para a floresta e respiro o espírito da vida...
Companheiro fiel, sempre presente, zela o meu sono, o fresco da noite...
Na beleza os cegos ouvem a verdade, os surdos não ouvem mentiras...
Apenas sentem com a força do espírito o quanto vale na vida galopar
com um dos sentidos que é o amor... 

sexta-feira, 20 de junho de 2014

A Dor da Despedida




A despedida é um momento de tristeza em que os corações
se preparam para viver uma saudade...
Nasci para viver num mundo de trabalho, família...
Cresci com a certeza de ter cumprido todas as tarefas...
Quis o destino pôr à prova - diagnóstico de câncer - a incerteza
da certeza de que nada poderia fazer senão manter-me fial a mim...
Numa noite escura olho o céu e disse para comigo,
qualquer dia também vou ser uma estrelinha e onde estiver serei 
sempre a lembrança dos meus familiares...
Tenho pressa, preciso de respirar o vento
e tomar o paladar das palavras sentidas e emocionadas...
Chora a minha alma da despedida num entrelaçara de abraços,
memórias, palavras esquecidas nos copos vazios...
Os meus olhos fecham-se e entro num túnel de luz...
É enorme a sua luz do outro lado,
esforço-me para regressar, mas não posso...
Oiço, ao longe, gritos desesperantes, mas eu já não sou eu...
Estou em transição para a luz, fico encadeado pelo foco de luz,
mas percebo que cheguei à minha nova casa, a luz...
As minhas vestes são transparentes como os raios de sol...
Sou feliz na minha despedida...
Na terra chamavam-me João, na minha nova vida sou uma estreka
que brilha de noite e de dia, a estrela da manhã...
Estou sempre presente a zelar, a proteger os que de mim necessitam...
Na despedida a lembrança de um anjo nas nossas vidas...
Morte, morreste para dares vida...
Pego no teu corpofrágil, mas pesado pela explosão de sentimentos...
Vestido de negro o melro chama num grito...
Pego numa gaiola deposito rosas de amor, saudade...
Assim me despeço com um até já, minha estrelinha...