terça-feira, 17 de junho de 2014

O Fado


Canto com alma, canto com dor
como se a voz chorasse um lamento...
Canto, na embriaguez da letra...
Vidas em linha trabalhada pelos dedos
de um corpo talhado para a música...
Fado...
Olhares entre olhos bebericam
a sangria no esquecimento...
Canto o fado vadio pelas ruas,
onde a luz brilha no meu fado malandro...
Percorro vidas, novas, velhas,
mas sou cantado por uma geração de sonhos...
Fado cantado sobre o xaile e de mão na cintura
embalo a anca, sedutora num vai-vém de palmas...
Olhares prolongados em beijos pela luz das velas acesas...
Cera derretida na esperança de voltar a ouvir 
o fado num encontro a dois...
Na despedida vejo-te entre as gotas de orvalho
e no adeus vou cantarolando a magia
de uma noite de fados...
Ser fadista foi meu sonho...