quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A Violência Doméstica



Entre marido e mulher não metas a colher...
Um ditado já muito ultrapassado pela sociedade em que vivemos.
Aliás, ultrapassado num sentido péssimo.
O que dantes fazíamos... discutir, ralhar, uns gritos, um sair de porta...
E no regresso fazia-se outro filho...
Nove meses depois nascia...
Fruto da reconciliação...
Mas fazíamos...
Neste tempo, nesta sociedade nem tempo, desculpem, nem boca podemos ter...
Podemos ter assistência social... está a escuta...
Voltamos ao tempo da ditadura...
Não, nada contra...
Apenas sei que nesse tempo havia educação e respeito,
como também havia coisas que não concordava, mas é outro pormenor.,
Hoje, os jovens casais não falam.
Aliás falam em silêncio com o computador e amigos virtuais, casamentos também virtuais...
Os corpos estão presentes, mas o espírito está longe...
E a violência doméstica é com os filhos...
O poder nem é com eles...
Como já disse são virtuais, nem presentes estão...
A frieza do amor é sentida nas feições sofredoras...
Jovens velhos...
E elas depressivas...
Chamo violência doméstica ao silenciar do faz de conta.
O poder destes jovens namorados que têm um com outro
ao poder da entrega à bebida, ao poder da entrega ao charro...
Pela noite dentro brincando com os valores da humanidade...
Com facebook, onde também são complicadas e complicam os de lá, do outro lado.
É o que faz isso, a solidão...
A procura da auto-estima, da valorização pessoal...
O faz de conta de mostrar uma imagem que não é a dele(a),
mas que intercede com o poder de se mostrar...
A violência doméstica é mostrada por todo o mundo, na morte de Jesus Cristo.
Vejamos, nós vemos um homem que é espancado até a morte e crucificado.
Tem que levar a cruz pesada até ao calvário e quem se atrever a ajudar é espancado.
Como pode provar a sua inocência?
Pergunto, isto é o quê?
Como podem utilizar em nome de Deus esta violência ao mundo, em cinema
se nós condenamos a violência?
Não tenho nada contra a igreja, mas a espiritualidade está evoluída.
Não viemos ao mundo para ver esta degradação humana.
Quem fez foi o homem e ainda se vêm gloriar de todo o mal
que fizeram em praça pública sem serem condenados...
Acham correcto este comportamento,
sem ninguém pôr as mãos para proteger Jesus Cristo?
Sempre existiu e existirá, de maneiras diferentes,
o incesto, a pedofilia, o masoquismo...
Desde que ponha em causa o ser humano é violência doméstica.
Quando houver casamentos reais com sentimentos,
com respeito, amor, então não haverá violência doméstica.
A falar é que nos entendemos.
Mas como diz a regra da boa educação depende do falar, das palavras...
Elas não doem no corpo, mas na alma...
E essas são piores...
Somos surdos, cegos, mudos...
Somos uns deficientes de espírito
quando dentro de nós temos preconceitos, racismo e o medo de amar, respeitar...
Por isso deixo a mensagem:
A violência doméstica existe porque o homem permite.
Dá muitos postos de trabalho a muita gente.
E nós ficamos novamente na ignorância.
Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti....

A Blusa de Chita




Tecido guardado no baú da vida...
A lembrança do rendar, 
da agulha que foge à dor, 
como a linha que entrelaçava... 
A segurança do rascar, 
onde desnuda a verdade...
Blusa de chita... 
Onde a beleza é pura
como os laços 
em seus cabelos trabalhados... 
Pelo trançar da pureza...
Da blusa de chita...
Sorri enfeitiçada...
Do respirar de alegria pela montra...
De um olhar da blusa de chita...

domingo, 6 de outubro de 2013

S. Judas Tadeu



A sombra da vida embriegada pela nitidez
do olhar da alma perturba-nos o caminho a percorrer...
As lágrimas eram imensas, de um vazio de órfão(ã),
onde a caridade era partida em cinturadas em meu rosto...
O negro escorrendo sobre o meu corpo...
O sangue transforma-se em cor celestial
pelo desejo da minha alma voar...
Sentado(a) no vazio da noite alguém com sorriso
oferece-me um papel, uma pagela...
Pegou nas minhas mãos 
e transferiu-a numa corrente de Amor, de Fé...
Olhei e não reconheci 
pelo esquecimento da dor de amar e ser amado(a)...
Voltei a olhar e sorri... 
Ouvi a voz que me disse:
"Estou do teu lado, ao teu lado...
Acredita..."
Pela primeira vez na vida levantei os olhos ao céu
sobre a terra prometida 
e vi a tua imagem, o teu nome...
Escondido só para mim...
Para que o vento das vozes 
não me levassem a esperança de viver, de amar...
Colei-a no meu coração e mastiguei no respirar...
É o meu tesouro, o meu segredo, o meu viver...
Tomei banho de luz, vesti-me de arco-íris...
Mesmo nos dias de tempestade lá estava eu feliz...
Porque tinha companhia na protecção do meu querer, 
do meu viver...
Obrigado por me fazeres acreditar...
Por me dares novamente vida pela segunda vez...
As minhas mãos na tua imagem de luz, transparência... 
Assim és tu...
Meu S. Judas Tadeu...
Amigo dedicado...

O Patinho Feio



Era uma vez...
Toda a história começa assim.
Um patinho que nasceu num casal de patos,
pai babado, mãe feliz...
Porque não era só um, mas mais sete espertos e muito lindos.
Eu disse lindos, desculpem quase todos...
Quando crianças são todos lindos; as transformação vêm depois...
Havia um que era e sentia-se diferente, muito feio, desengonçado, de João trapalhão...
Os outros lindos, obedientes, a cantar todos os patinhos sabem bem nadar. 
O tempo foi passando e começou a ver-se a diferença entre ele e os seus irmãos.
Julgava ele que era tão feio, tão feio que ninguém gostava e olhava para ele.
A diferença não era ele ou dele mas dos seus irmãos.
Todos nós sentimo-nos o patinho feio ao longo da vida
e até por vezes pensamos que os nossos pais não gostam de nós,
porque somos feios, desengonçados, trapalhões e olhamos-nos e vemo-nos feios...
A realidade é que os pais olham para os filhos e não vêem o bonito ou feio...
Não vêem o corpo, mas sim a essência do seu filho, os valores, as qualidades...
Podemos até ser o patinho feio, mas para eles somos um cisne, somos lindos...
Perdemos muito tempo da vida a pensar o que os outros estão a pensar
e deixamos de pensar em nós, na nossa vida...
Ao sermos o patinho feio não nos dá o direito de sermos mal educados, arrogantes...
A beleza é do espírito, a má educação é do carácter, 
da atitude consciente com que magoamos quem amamos.
O patinho feio é lindo interiormente.
Por isso, transformou-se num cisne...
A alma reflecte-se no corpo, como diz S. Mateus.
"Se estiveres bem, todo o teu corpo é luz...
Se estiveres mal, todo o teu corpo será trevas..."
Dizemos muitas vezes, tem um ar tão doce, tão calmo, um ar tão feliz...
Tudo é reflexo do espírito... bonito, feio...
Está nas nossas mãos, nas nossas atitudes, nos nossos actos, valores...
Não se envergonhem de serem quem são.
Não tentem ser aquilo que não conseguem ser.
Somos, hoje, o patinho feio...
Amanhã seremos um lindo cisne...
Sejam lindos porque já o são...
Não façam o inverso...
Todos nós temos a nossa beleza.
Quando jovens temos uma beleza,
na velhice tem-se a mesma beleza, a beleza da alma...
O corpo apenas regista os anos.
Antes de estar envelhecido foi um corpo novo.
Aliás, mal nascemos envelhecemos...
Mas a alma não tem idade 
e toda a beleza é construída pela alma...
De dentro para fora...
Também estamos a falar do calimero... tão lindo... 
Sejam felizes e a alma agradece!


sábado, 5 de outubro de 2013

O Milagre



Jesus foi convidado mais os seus discípulos 
para o casamento em cana, onde já se encontrava sua mãe.
Aproximou-se de seu filho, Jesus, e disse:
"Filho eles não têm mais vinho..."
E mandou que enchecem de água as talhas.
Na hora certa Jesus mandou que servissem o vinho.
O mestre de sala sabia que era água que estava nas talhas.
O mestre disse:
"É costume servir o bom vinho sempre em primeiro.
Depois de beberem fartamente dá-se o mais reles, 
mas tu guardaste o melhor vinho para o fim."
O Milagre aconteceu... a transformação da água em vinho.
Nós somos o milagre da vida que constantemente fazemos transformações.
Umas conscientes, outras inconscientemente, por comodidade.
Na vida temos a verdade, milagre.
A verdade de acreditarmos que nos curamos, que conseguimos,
que vencemos, que realizamos, que vivemos, que queremos, que amamos.
A seguir vem o Milagre, a transformação de todos os nossos desejos,
de todos os nossos quereres, realizações, projectos, família...
Tudo e possível aos olhos de Deus.
Basta acreditar, basta querer...
(S. Mateus 5, v.14)
"Vós sois a Luz do mundo...
Não se pode esconder... ela ilumina tudo e todos..."
Aqui chamo o milagre de sermos luz que ilumina o sentido da vida,
o sentido dos meus sonhos, o sentido de transformar toda a minha vida...
Porque o Milagre somos nós que o fazemos.
Também nós transformamos a água em vinho...
Ou seja, em situações de desespero a Fé é muito grande...
A força muitas vezes não sabemos de onde vem, onde a temos,
mas ela está lá presente... dentro de nós...
Temos o caso da mulher que está para parir...
A força, o esforço, o querer, o acreditar... 
E tempos depois a criança, fruto desse milagre, milagre da vida...
A senhora que não consegue andar,
mas a necessidade obriga a andar, e ela anda...
Jesus perguntou aos cegos se acreditam, se querem ser curados.
"Sim" - disseram eles.
Jesus disse:
"Faça-se segundo a sua vontade" 
E os cegos ficaram curados... (S.Mateus)
Na escada da idade vamos tendo objectivos e conseguimos todos...
Porque agora é tão difícil?
O espírito é o mesmo com mais sabedoria, luz...
Por direito temos sempre que beber o bom vinho, a lei da espiritualidade.
Acreditem, sonhem e façam o Milagre em vossas vidas.
O milagre do Amor...
 


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A Noiva



Subi ao céu e vi uma noiva
transparente como um raio de sol,
deslizando pelo altar...
Abençoada pelo perfume da vida...
Subi ao céu num piscar do voo 
de um canto de pintassilgo da gaiola dourada...
Protegido pelo meu querer...
O canto só para ti...
Subi ao céu a película do cinema...
Qual vida perdida...
Com finais felizes pelo sorriso
projectado na palma da mão...
Subi ao céu em teu regaço...
Transformo o gemido da dor
em prazer de ver nascer...
Subi ao céu...
Asas de anjos transformam-se em liberdade
escrita por uma pena...
Onde o gosto das palavras são abençoadas
pela transformação celestial...
Subi ao céu...

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O Livro



Mãos desfolhadas, 
velhas, novas sobre um olhar
de várias línguas...
Onde a capa representa o papel principal...
O palco da magia das palavras escritas
em pensamento ou realidades escondidas...
Por detrás de um sorriso
as lágrimas vão tingindo a caneta...
Um borrão apagado pela cinza de um cigarro...
A jornada da vida com histórias infantis, magia...
Como de filosofia se tratasse... 
A grandeza da leitura fica para surdos
que num piscar de olhos lêem como vêem...
Cantamos, gritamos como proclamamos...
São apenas palavras ditas
e escritas por uma sabedoria...
O livro...

A Geração Kanguru



Conhecemos o kanguru como sendo um animal da Austrália.
Aquele que anda sempre com o filho na bolsa.
O seu nascimento é imaturo e desenvolve-se no interior de uma bolsa, marsúpio.
Dentro dessa bolsa desenvolve-se esse ser frágil, o kanguru.
Também é conhecido por lutador, 
pelo chuto que dá para se proteger de qualquer ameaça.
Estamos a falar de um animal irracional...
Já ouviram falar de crianças de cristal, ou de crianças umbigo?
Acredito que este rótulo serve apenas para a imagem...
A realidade no mundo em que vivemos é outra,
ou, então, tentam fazer o racismo na espiritualidade,
o que não quero acreditar, porque cada espírito vivo é apenas luz e não rótulos.
Hoje falo da geração kanguru...
É a realidade de nossos filhos...
Nós, pais, amamos tanto os nossos filhos e protegemo-los tanto
que temos necessidade de os ter dentro de nós, 
como se de uma gravidez se tratasse...
Não sabemos fazer a diferença entre os 9 meses 
que os carregamos dentro de nós e todas as dores e angústias,
como se de nós se tratasse...
Esta protecção é de tal ordem que quando saem da bolsa 
regressam imediatamente pelo medo,
pelo desconhecido que encontram em seu redor,
É conhecida por lutadora, a mãe...
Torna-se lutadora apenas para proteger e não para educar, ensinar,
e, até digo mais, por amor...
Porque para mim não é amor de mãe, mas amor egoísta
que se serve da gestação para se esconder de si própria... 
Estes seres, garantidamente, pela vida fora são considerados como ETs da sociedade...
Vivem num mundo onde nada os atinge e as facilidades de vida são enormes... 
No desaparecimento desta mãe, não esquecendo o pai,
ficam estes filhos da geração kanguru...
Porque aos animais de idade adulta as mães kanguru não os aceitam na bolsa, marsúpio.
Enquanto nós compramos também uma bolsa feminina 
e até somos capazes de os meter a tira colo.
Não há bolsas para cãezinhos poderem entrar nos supermercados?
Quem sabe também escolher a sua comidinha....
Porque o cãozinho é que gosta e não o dono...
Chamo também a atenção que a educação não é enlatada...
Os filhos não são coisas, mas seres racionais
que nascem nas nossas vidas para os amarmos, 
Para lhes ensinarmos a palavra amor, ternura, 
respeito pela vida, trabalho, honestidade... 
Este é o lema da vida...
Amar para ser amado!

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A Andorinha




Andorinha...
Fértil na Primavera, 
voando pelo Verão dentro,
trazendo o ninho de esperança
de um dia de sol...
Qual Outono da partida para terras distantes,
onde o voar, o pensamento transmite a telepatia
de um abrigo escondido por uma telha...
Onde o vulcão adormecido
desperta para uma lonjura de distância
coberto pelas nuvens de um amanhecer...
De regresso encontro a verdade...
Do teu bater de asas um chilrear 
de bando passageiro... 
Andorinha...

O Espírito



És homem, és mulher, não sei...
És bonito, és feio, não sei...
És alto, és baixo...
És gordo, és magro, não sei... 
És branco, és preto, não sei...
Sei apenas que és um espírito de luz...
Sei quem sou...
O sol que brilha, a lua cheia,
a terra, a água...
Como o vento sopra na montanha...
Onde o eco penetra no meu espírito...
Onde a cascata rega a terra coberta de secura
da boca dos seres...
Como também escorre entre o olhar...
Do nascer como do morrer... 
Como o sol que nos ilumina... 
A sabedoria humana, agindo com a lucidez...
Cada aprendizagem dos primeiros passos...
Como o queimar do fogo pelo o apagar do bombeiro,
incendiando corações devorados pelas paixões...
Onde à beira mar saboreamos o nascer do sol...
Como o fim de tarde saboreando a limonada...
Numa brisa fresca de um pôr do sol...
Assim sou eu, espírito...
Assim és tu, espírito...
Espírito de luz!


sábado, 28 de setembro de 2013

A Hipnose



A hipnose é a embriaguez da alma...
O que quer dizer...
Alguém com poder da palavra sobre o outro
com fragilidade da mente, com fragilidade do espírito...
Nós, seres humanos, quando prisioneiros da nossa própria mente,
onde tudo foi construído por nós próprios e não conseguimos depois resolver,
tornamo-nos muito frágeis de espírito...
Por vezes, não conseguimos deixar de fumar.
Por vezes, não conseguimos deixar de beber, 
deixar de comer compulsivamente...
Os estados de pânico...
A anorexia nervosa, bulimia...
E quando chegamos a estes estados de alma já não somos nós, 
mas o espírito doente, prisioneiro da sua própria vida...
Aqui podemos usar a hipnose que é falar, repetidamente,
ao subconsciente o que queremos.
Ora, se temos o consciente e o subconsciente falta-nos utilizá-los...
O subconsciente são os valores, o verdadeiro espírito, o que acreditam.
Consciente é o dia-a-dia, mês após mês, ano após ano
de situações ou estados de embriaguez...
Sabemos que está correcto, mas não conseguimos fazê-lo 
ou fazemos tudo contrário ao que achamos correcto...
Através da hipnose alguém nos diz, ao consciente,
apesar de ele não concordar falar ao seu irmão gémeo, subconsciente,
o que verdadeiramente queremos.
Por exemplo, a vida é como um automóvel.
Temos que tirar a carta de condução, o código...
Aprendemos por repetição sempre as mesmas regras,
também através de vídeos, da visiualização.
O exame, a prática...
Somos vigiados pelo examinador e fazemos o exame.
Vamos para a estrada sempre com a certeza que temos que usar as regras,
Caso contrário sofremos as consequências...
Na hipnose é o mesmo sistema. 
Existem regras de acreditar no que queremos, no que estamos a dizer e de pôr em prática.
Só saímos do estado de transe, hipnótico, a partir do momento 
que temos consciência que estamos bem.
A hipnose é um jogo de palavras para fugir a uma solidão...
Como a cocaína, heroína, onde somos prisioneiros de nós próprios...
A hipnose pode ajudar, mas não para se tornar um vício.
A alma mergulha e afunda-se...
O espírito salva o querer...

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A Viola



Peguei em ti...
Toquei-te com toda a delicadeza...
Senti o vibrar de cada nota
e a melodia soltava-se entre os meus dedos. 
E a sensualidade vestida de cor que me faz sonhar...
O gemido provocado pela tua melodia
e a lembrança de um tempo
escrito por uma letra choca a emoção,
a lágrima, a gargalhada, o bater de palmas
sentidas pelo coração ou fingindo um sentimento...
Assim és tu...
Leve, delicada, sensual...
Que trago ao longo da vida pelo prazer
da Primavera como do Inverno...
Bebendo um conhaque
pelo fogo na lareira, coberto pela lã...
E um olhar doce da rosa branca, amarela, vermelha...
Um colírio aos meus olhos...
Faz-me vibrar em tuas mãos...
Assim és tu...
A minha viola!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A Chave



 O tempo passa e eu parada no tempo...
Perdi as chaves da vida...
Procuro por todo lado,
mas o desespero de não poder encontrar 
deixa-me louca...
As portas fechadas, janelas abertas...
Procuro no olhar o vazio do porta-chaves... 
Tudo me é trancado...
Estranhas regras...
Uma palavra... chaves.
Grito no vazio de um poço,
onde as águas profundas, 
pesadas pelo brilho de um vidro transparente
se perdem nas nuvens...
Ninguém as toca... 
Por vezes transforma-se em neve 
que me queima a mão,
mas me aquece o coração, 
por ter razão de ter encontrado... as chaves.
O portão antigo, ferrugento... 
Silvas o rodeiam...
O picar das urtigas caídas no chão...
Estão... 
As Chaves...

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O Aborto



O aborto é um fenómeno da natureza 
que o homem por mais inteligência que tenha 
e que possa usar as tecnologias 
ainda é uma incógnita da natureza...
Tudo na vida que nos acontece tem a sua razão de ser...
Ninguém sabe o que nos aconteçe, o nosso dia-a-dia...
Dizeis hoje e amanhã, Iremos para a cidade tal, negociaremos e tiramos lucros...
Vós não sabeis o que sucederá amanhã, 
pois o que é a vossa vida...
Em vez disso deveis dizer, se Deus quiser viveremos e faremos isto ou aquilo...
Sois como uma neblina que desaparece ...
Aquele que sabe o que deve fazer e não o faz peca...
(S. Tiago, cap. 4, v. 14)
O aborto faz parte desta nublina que aparece por um instante 
e desaparece quando menos esperamos...
Aceito o aborto com critérios judiciais (rectos os critérios).
São o raio x para esta criança...
Quando pai ou mãe doentes, a gerar um filho deficiente,
onde fica esta criança?
Se os pais por si próprios não podem tomar conta deles,
quanto mais vir ao mundo um ser com grau de deficiência...
Sejam sinceros e dêem a vossa resposta sem pudores...
Quem faz um filho é o pai e a mãe...
Outros (ou seja família), instituições não têm o dever dessa sobregarga
que impõem aos filhos que não são pais, mas irmãos...
Há uma diferença muito grande...
Vejo famílias destruturadas por esse motivo 
e quando constroem a própria família levam a sobregarda 
e responsabilidade de tomarem conta, a troca de bens, heranças deixadas aos filhos... 
É como se estivessem a fazer por prazer dos filhos obrigações...
Se assim for, então, todo o homem tem o seu preço...
Não estou a falar da Troika, mas sim nos valores 
que nos são impostos pelos nossos pais que nos dizem e afirmam que nos amam muito.
Pergunto: Quantos filhos têm?
Resposta: Dois filhos, mas um é deficiente...
E o que dizemos?
Filhos temos, mas a diferença destes pais...
Mostram essas diferenças por interesse ou comodidade...
Claro que aqui não quero machucar ou melindrar, nem ofender alguém.
Mas pensem comigo, o quanto é a realidade de porta sim, porta também.
Há aqueles pais que têm filhos perfeitos e os tornam deficientes em todos os aspectos.
Alguns até acham que a homossexualidade é uma deficiência 
e uma vergonha para a família, segredo de família, segredo de morte,
porque é uma deficiência...
Chego à conclusão que somos nós os abortos da sociedade, onde tudo nos é permitido.
A criança que ainda não nasceu, que não abriu os olhos
é que é o verdadeiro espírito puro que não viu maldade em ninguém
ou então deseja que não nasça neste mundo... o aborto.
Acredito que é muito doloroso para quem o faz ou tem,
mas mais doloroso é a criança viva e com o grau de deficiência...
São aprendizagens que fazem estes espíritos
e como espíritos evoluídos que são, apesar do defeito físico, a mente é de muita luz...
Peçam luz que vos será dada... 
Não tenham medo de amar sem preconceitos...
O amor faz milagres... 
A medicina já é um milagre...
O espírito não tem corpo...

A Partida



A partida é longa...
Quando a tornamos tão perto, 
basta apenas o desejo...
E a lágrima do rimel torna cinzenta a partida...
Sorrio na lembrança do desejo 
que o vento leve o peso da partida... 
Estendo as mãos
e o vazio cheio de saudades doces 
para um lambuzar da alma...
Pelo despertar de uma realidade perdida apenas
e encontrada numa pétala de rosa...
O não poder andar pela procura...
A dor é forte pela partida sentida pelo meu corpo...
A alma clama por ti... 
Uma solidão da partida...
Apenas encontro o sentir impotente perante a vida
que me mostra, sentada no restaurante.
onde a ementa é apenas...
Desejos sonhados...
Escolho um ficar à espera que seja realizado.
E nessa espera fico babado com o pensamento 
de que apenas saboreio... apenas solidão...
E por fim a partida...


domingo, 22 de setembro de 2013

A Estrada




Percorro caminhos sem fim,
 à procura do nome da terra,
onde perdida algures, sentado no alcatrão
espero que o tempo passe...
Na esperança de voar ao teu encontro...
Sinto pena de não poder beber 
todas as palavras que ficaram por dizer... 
A certeza da Primavera...
Reencontrar a estrada...
Para uma terra distante,
onde o nome fica gravado na areia da praia...
Apenas por momentos... 
Na alegria do espumar da onda do mar...
Fica a saudade de te poder abracar...
Os caminhos da vida...
A estrada...

O Tempo



Os teus olhos vêem um futuro longínquo,
onde a Primavera do cantar do galo,
escutada por uma multidão de uma Mesquita...
Vejo os teus olhos...
Perdidos na doença de um tempo esquecido,
lembrando arranha-céus, fogos de artifício...
De uma necessidade de enxugar a alma
com lenços de memórias esquecidas no caixote do lixo,
onde a limpeza é necessidade...
É obrigatória...
Numa medicação controlada pelo teu olhar...
Onde a saudade envolvida por um lençol de cetim,
sentido em meu corpo, 
desnudada pelo tempo...
Onde as rugas são laços de embrulho,
mostrando a fantasia, a beleza...
De uma oferta que a vida me deu...
Visto pelos teus olhos...

Um(a) Estranho(a)



Regras de trabalho, sorrisos de felicidade,
festas, casamentos, filhos...
Faziam de mim a mulher, homem mais feliz da terra...
Até um dia...
A perca sentida de alguém
que me foi roubado pela vida...
A luta é grande, mas muito desigual...
É um contra o tempo... 
Tenho sede de viver e encontro dentro de mim...
Um(a) Estranho(a)... 
O sorriso perdeu-se, o cabelo caiu...
As pernas fraquejaram...
As palavras gaguejavam...
Num silenciar prometido a mim mesmo...
Ferida aberta...
Continua a ser curada por um amor prometido...
Levado pelo vento... 
Tornando-me um(a) Estranho(a)...
Quero chorar, mas sorrio...
Quero gritar, mas murmuro silêncios altos 
de mais um dia de sol na minha vida...
Sou um(a) Estranho(a)...
O espelho mostra o que não quero reconhecer...
O gelado em meus lábios derrete-se com o calor da dor
abafado pelo tempo...
Sou um(a) Estranho(a)...
A lembrança do balouçar da bicicleta 
vai-se recuperando nas memórias...
De uma caixa de sapatos vazia que já não servem, 
outrora brilhantes, como o verniz das unhas...
O tempo passou...
Ficou apenas...
Um(a) Estranho(a)...

O Reencontro



Depois de tantos anos reencontro-te...
Fico parado(a) a olhar para ti...
Belisco-me para ter a certeza que és tu...
Não sei se fico feliz porque quero ficar
ou se fico com medo que te vás embora novamente...
Tantas coisas há para dizer
de um passado mal... passado... 
Onde perdidos pelas palavras
faladas pela boca de outros 
destruíram a ligação, o amor, 
mas principalmente o respeito...
A palavra mentira sempre foi a mais falada,
mas o negar constante dos movimentos de cabeça
mostra o quanto é verdade o meu sofrimento...
Tentamos mostrar o que de melhor temos ou fazemos,
mas o tempo foi nosso inimigo... 
Perderam-se vidas...
Quero agarrar-me a ti e dizer te que não te esqueci,
mas fiquei muda...
Preciso de recomeçar neste momento,
aprender a falar, a andar 
e olhar para ti sem medos que partas novamente...
O reencontro serve para viver momentos presentes,
olhando para nós com olhos humanos. 
Porque o inverso da vida torna-te frio(a), confuso(a)...
A tristeza no teu olhar é profunda...
Mostra o quanto tentaste sobreviver em toda tua vida...
A lembrança de consciências num reencontro de memórias...
O reencontro do destino!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A Mão de Deus



Mão transparente...
Mão invisível...
Mas presente...
O sentir é intocável, como veludo...
Como beber águas da fonte... 
Pela mão de Deus... 
É o nascer do sol... e dias de inverno... 
Onde o faiscar do trovão cai em terra seca... 
Onde a mão de Deus 
rega campos de milho... 
Onde o olival escorrega azeite em nossos pratos, 
saboreando um prazer temperado... 
É um levar as crianças ao colégio... 
Onde avós jogam cartas, à sueca... 
A espera de um sorriso fértil da chegada do neto! 
A mão de Deus no embalo da vida... 
E a penumbra da noite, calado... 
Pelo silêncio falado, 
murmurando e jurando amores eternos... 
Fidelidades partidas... 
Onde alianças desgastadas pelo tempo 
se transformam em dinossauros pré-históricos... 
Na Mão de Deus nasceste, viveste... 
A Mão de Deus... 
Nos momentos de maior alegria senti...
A Mão de Deus...