segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Água Doce


 


Navego em águas doces, salgadas pela vida...
Doce como o amor...
Águas contrárias que se unem 
na linha da liberdade...
Carregam o peso da saudade
como as melhores lembranças
vividas na profundeza dos oceanos...
Correntes que rejeitam 
a mão das regras do mundo,
sem preconceitos e racismos...
Coabitam na beleza dos golfinhos
como raias cruzadas de atitudes de tubarões 
abraçam pequenos nadas, pedaços de terra...
Navego com a liberdade
orientada pela nuvem... 
Sou levada pelo vento...
Minha voz silenciosa canta 
o desejo de chegar perto...

A Mesa

 
 
 
Sentada à mesa encontro uma refeição de amor, carinho,
sorrisos, harmonia, simplicidade e muita sabedoria...
Estou a falar de uma ementa que não existe nos dias em que vivemos...
A mesa é um utensílio doméstico de uma casa de habitação, de um lar.
Um local onde se partilham refeições que satisfazem a alma e o corpo.
Temos sempre a preocupação de juntar nesta mesa quem nós amamos...

Podem ser familiares, amigos, estranhos e damos o melhor que temos. 
Mas a função da mesa é alimentar sobretudo a alma
e cada lar tem o seu paladar.
A ementa é variada para cada um de nós no dia-a-dia

e não se podem fazer comparações, porque os momentos são únicos...
Sim, estou a falar de uma mesa mágica,

onde tudo se transforma em momentos inesquecíveis...
E cada pedacinho de pão representa toda uma vida amassada

e acrescentada com o fermento do amor 
que enfeita esta mesa com o cheiro fresco e saudável de vida...
O vinho embriaga-nos a alma pelas castas de sabedoria

e é saboreado com o prazer da gargalhada perfumada pelo tempo...
A mesa pode estar nua, mas com a continuação vamos pondo

uma toalha, talheres, guardanapos, flores.
Conseguimos enfeitar a mesa de acordo com o que queremos dar
e apresentar, sempre o melhor...
Mas a refeição, essa sim, marca pela diferença do paladar do amor...


A Cueca


Cueca, uma peça íntima utilizada para proteger a nudez.
A nossa educação religiosa não nos permite olhar

o nosso próprio corpo, tal como o devemos fazer.
Até porque quando nascemos, nascemos nus

e ao morrer vestem-nos...
Não temos vontade própria...
Deixamos falado, deixamos escrito,
mas há a vontade de vestir a morte sempre com a melhor roupa 
e como tal leva a cueca vestida.
Não o morto, mas sim vestida a intimidade de consciências...
Uma peça muito valiosa, riquíssima em valores psicológicos,

uma vez que cobre os orgãos sexuais.
A palavra deriva de "cu" de origem no latim vulgar culus 

e de "eca" do grego eco que significa domicílio.
A cueca fecha toda a parte mais frágil 

como a mais forte do corpo e da mente.
Podemos estar vestidos com ela,

mas somos despidos pela mente humana.
Temos povos que vivem e convivem sem ela.

Também vamos buscar o fio dental
e a tanga a esse povo pré-histórico.
Os tempos igualam-se, apesar da evolução...
Assim é a nossa vida...
A nossa parte mais íntima, o respeito, a educação,

a alegria, a felicidade (amor), o trabalho, é nosso.
Deverá ser protegido com muita intensidade,

porque a nudez desvaloriza o sentido...
Perde-se o segredo da vida...
São valores que precisam de dar continuidade à nova geração...
A nova tecnologia faz com que o monitor seja a cueca.

Pergunto, é real ou virtual?
Como temos mentes extraordinárias, graças a Deus,

para a evolução do homem, essa mesma evolução é contraditória 
e leva-nos a um mundo cruel...
Ficamos nus...
Não falo em cueca de pano, mas na cueca das emoções,

do amor do homem, da mulher, seres de muita luz, espíritos...
Como espíritos não temos corpo,

somos transparentes à luz do olhar...
Para que os olhos sejam limpos no olhar usem a cueca...


A Ausência

       

                                 
Passou o tempo na lembrança
que provoca a dor no vazio da tua ausência...
Palavra sonolenta de um despertar acordado...
Olho no vento e em cada partícula senti a tua ausência...
Corri em busca do teu respirar
e encontrei o cheiro do perfume em cada olhar meu...
A felicidade não está sentada na presença...
Ausência é um mensageiro de corpos ausentes...
Bebi o café da manhã acompanhado com o teu sorriso ausente,
mas presente no calor entre as minhas mãos...
Bebo, sentada sobre a vida,
e deixo-me deslizar pelo medo de não te encontrar...
Abro a porta da ausência...
Lá fora um céu azul turquesa
e nuvens de algodão doce derretem-se ao chocar
com a transparência de um olhar de criança...
Ouço passos e, entre o desejo e o desejar,
o teu rosto sorri para mim...
Ausência, distância...
Presença, abraço...

domingo, 17 de agosto de 2014

A Espera

 

Esperei que o vento trouxesse notícias tuas...
A brisa suave aconchegou-me

com uma frescura no meu rosto...
Fixei a linha do horizonte 

e a prata das ondas do mar é confundida
com cachos de cabelos rebeldes espalhados no areal...
Os teus olhos são conchas que à minha mão vêm ter...
Brinco num pestanejar de dupla visão

e verifico o brilho salgado do teu olhar...
Volto a perguntar ao vento por ti
e uma nuvem chora a chuva que cai no meu rosto...
Em oração junto as mãos e peço à vida um raio de sol...
O vento sorriu...
A nuvem passou...
O sol brilhou!


A Formiga


A formiga é um pequeno animal que pertence à familia Formicida,
o grupo mais numeroso dentre os insectos.
Acredita-se que estão distribuídas pelo planeta, excepto nas regiões polares.
A rainha mãe põe 300 mil novos insectos em apenas uma semana.
Constroem obras de arte nos formigueiros subterrâneos.
Entre eles existem as castas, o que mostra em que género de sociedade vivem.
A sua força, num corpo tão pequeno, consegue transportar,
por vezes, três vezes mais o seu peso.
Trabalham sempre em conjunto para uma comunidade.
Assim é a nossa mente...
Um pequeno orgão resistente a muitos traumas
provocados por pensamentos. 
Enquanto a formiga constrói, a mente é destruída
por pensamentos, ideias fixas, obsessões..
Apesar de tudo, de tantas responsabilidades,
ela mantém sempre um alerta...
Carrega cem vezes mais a sua capacidade de resistência.
A mente é feita para ser utilizada, inteligentemente,
para benefício do ser humano.
Quando estamos em estado tranquilo o equilibrio é grande
e consegue armazenar alegria, boa disposição, ou seja, está em paz.
Gostamos muito de carregar todos os problemas
que não são nossos, de tal modo que entramos em loucura, a depressão, etc.
O peso do pensamento joga com o corpo, sentimentos de extremos.
A mente é uma caixinha mágica,
onde é importante fazer a ilusão para encontrar o equilíbrio...
A formiga carrega o que é importante, o mais importante,
embora saiba o sacrificio que tem que fazer,
mas vale a pena...
Na mente, apesar de também carregarmos tudo,
excedemo-nos muito, o que nos provoca dissabores
negados pela própria consciência.
O valor das dificuldades recebe ajuda para recuperar
toda a energia, o trabalho feito com o propósito de sobrevivência.
Sejam formiguinhas, façam formigueiros dentro da vossa mente,
levando convosco objectivos, alimentos para matarem a fome à vida...
A formiga grande insecto de sabedoria criada por regras impostas ...
A mente é um orgão feito para trabalhar a emoção, o amor...
Se os juntarmos temos uma equipa enquanto a cigarra canta...

A Bússola


  
  
A bússola é um objecto com uma agulha magnética
 que é atraída para o polo magnético terrestre.
É o instrumento de navegação e orientação mais antigo.
É conhecida como Rosa dos Ventos 

que é constituída por quatro pontos cardeais,
quatro pontos colaterais e oito pontos sub-colaterais.
Os mais visíveis: Norte (N), Sul (S), Este (E) , Oeste (O), 
Nordeste (NE), Sueste (SE), Sudoeste (SO), Noroeste (NO).
Aprendemos desde criança a orientarmo-nos

por esta pequena caixa mágica.
Assim também nós somos e funcionamos como uma bússola

que são os nossos valores, a nossa consciência, a vida...
Com o tempo também aprendemos a ter o nosso objectivo,

o Norte, onde nasce o sol...
E se somos luz procuramos sempre a luz solar.
Precisamos dela para iluminar o nosso caminho...
Quantas vezes nos sentimos perdidos e dizemos, 

nem sei para que lado ando... perdi o meu norte... 
Ou seja,  tenho muitos pensamentos palavras e acções, 
em silmultâneo, que me confundem 
ou me fazem perder o que quero, o meu foco.
Assim, como a agulha da bússola também me sinto descontrolado...
Todo o ser humano tem sempre, mas sempre, um desejo.
Esse desejo varia com as transformações que vamos tendo.

O que eu pensava quando tinha quinze anos 
não é o mesmo que penso agora, 
mas o que temos em comum é saber sempre o que eu quero,
sem me perder, usando sempre os meus valores e sempre acreditando.
A bússola, pequenos nadas vistos pelos nossos olhos, 

num mundo de raízes fortes, cobertos de verde esperança,
na procura correcta de respirar o ar fresco que sedenta toda uma vida.
Bússola, procura correcta de despertar consciências,

segura dentro de pequenas grandes regras,
 sempre em direcções levadas por corpos escritos
em mapas realizados pelo desejo.
Com ela construímos mundos como 

com ela nos perdemos no confundir de sentimentos...
A bússola são estradas marcadas por experiências, com certeza,

e caminhadas pelo nosso olhar da alma...
Podemos mudar os quereres, mas os pontos cardeais,

a consciência, estão presentes e esses não se apagam dentro de nós...
Caminhe confiante e saiba que nunca se vai perder...
Tem dentro de sí os pontos cardeais 

que o levam com segurança, certezas, às descobertas da vida...
Você é a bússola que todos desejam ter...


quinta-feira, 31 de julho de 2014

A Embalagem




Nós somos apenas embalagens...
O nosso corpo é criado de acordo com uma imagem
e fazemos sempre propaganda desta embalagem. 
Os nossos pais vendem e projectam uma imagem dos filhos
sempre com a garantia de boa qualidade.
E pela vida fora continuamos a vender sempre a nossa imagem,
ficando prisioneiros.
Com o nascimento começamos a envelhecer todos dias. 
A adolescência é uma bússola que nos indicam sempre
o caminho ou o nascimento de uma imagem criada por nós próprios,
uma imagem fresca que convida todos a querer saborear. 
Mas o conteúdo será que é tão belo?
Aos poucos vamos reparando na grande transformação do corpo,
pensamos que a embalagem não tem valor e envelhecemos.
Mas o conteúdo é o mesmo?!
Na vida repara-se muito na embalagem e esquecemos
que o mais importante é a nossa essência, o que somos...
Antes de criar a embalagem temos o produto
e é a pensar no produto que se projecta a embalagem.
Dizemos muitas vezes que os olhos também comem, é verdade...
Quantas vezes vemos a publicidade que a televisão nos dá,
desejamos comprar e quando o adquirimos ficamos desiludidos... 
Nós, como seres humanos, nascemos de um modo
e tornamo-nos no que queremos ser...
Aceitamos o que queremos...
Seja na adolecência ou na velhice o mais importante é o ser...
Quantas vezes vemos jovens no tempo e velhos de mente.
Quantas vezes vemos velhos a quererem ser novos, tornam-se ridículos.
Precisamos de saber respeitar no que a vida nos transforma,
sem perder o respeito, valores, amor, humanismo,
mas principalmente a dignidade por nós próprios.
O novo fica velho...
O velho nasce na sabedoria...
Cuidem do produto da alma...
A embalagem é passageira...


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Fast Food




Um nome que todos nós conhecemos e que provoca 
dentro de nós um bem estar, u
m sentimento pecador...
Se por um lado gosto muito, por outro sinto-me culpado,
não por o que estou a comer, mas porque me faz mal ou porque me engorda.
Fast Food é considerado o melhor manjar das crianças desta nova geração
pelo tempo, que é escasso, como também pela rapidez com que nos saciamos.
Todos os alimentos são inofensivos.
Posso dizer que é uma alimentação saudável.
Se não vejamos, o hambúrguer é fresco e grelhado,
o tomate, a alface, o queijo (quem gosta), a cebola, o pão são um bem necessário.
Como vêem são alimentos saudáveis.
O que não é saudável é o excesso, ou seja, comer repetidamente vezes sem conta
e o que acrescentamos como tempero.
A facilidade com que abusamos e o masoquismo como o fazemos,
pelo prazer instântaneo, mais tarde ficam marcas no nosso corpo.
Assim é a nossa vida...
Temos uma vida saudável, mas para desespero nosso
gostamos de nos envenenar com ingredientes que nos destroem,
como pessamentos, acções, palavras...
Começamos a tornar-nos obesos.
Esta obesidade mórbida da mente isola-nos do mundo,
com a vergonha de se tornar nua aos olhos de quem nos quer bem...
Fast Food, alimentos estragados por nós próprios,
mas servimo-nos destes produtos saudáveis para nos escondermos
e servirmos para projectarmos uma imagem.
Corpos flutuantes de olhos apagados de andares que tropeçam no vazio da mentira.
Roupas soltas pelo esconder de desequilíbrios emocionais
que nos tornam sofregos de uma coca-cola...
Energia mentirosa que acaba num adormecer...
Podemos na vida comer, beber, mas sempre com equilíbrio, o corpo agradece.
Se queremos ser elegantes a boca é o segredo da vida.
Tudo o que comemos entra pela boca e sai por um lugar escuro,
mas o que sai da boca, vem do coração...
Fast Food de ingredientes saudáveis ao corpo e à mente...
A alegria, o amor, o acreditar, a fé, o sonhar, a atitude, o respeito, a honestidade...
Todos estes ingredientes chamam-se felicidade
e cada um de nós sente do seu jeito e do seu modo...
Vá ao Fast Food e tempere a vida como deseja...
O seu desejo é uma ordem...
O seu aladdin à sua disposição...

As Férias


A palavra férias representa descanso, divertimento,
relaxar, mas sobretudo união familiar.
Todo o ser humano quando nasce vem de férias, melhor está de férias.
Neste nascimento temos tudo ao nosso dispor:
um bem estar muito grande, gratuitamente, onde nada nos falta,
mas se choramos tentam de uma maneira ou de outra agradar-nos
com a certeza de que estamos felizes.
Sim, as férias são um estado emocional do homem
que o relaxa de qualquer compromisso.
Nestas férias, que muitas vezes não escolhemos,
é para disfrutar, porque temos tudo ao nosso alcance.
Perguntam, então porque trabalhamos?
O trabalho representa a evolução do espírito.
Funciona, também, como pagamento destas férias que temos,
sem escolher o local, mas, depois, com a continuação
o nosso querer representam opções e vivemos numa ilha de amor...
O mundo é assim...
Nessa ilha temos as pessoas que amamos, família ou não,
conseguimos construir um mundo de prazeres que nos tornam felizes.
Depois de um dia de trabalho na nossa mente,
por breves instantes fazemos férias,
quer no olhar de ternura de um filho, quer no estar à beira mar,
quer no saborear um gelado...
São instantanes que nos tornam melhores...
Nas férias temos o dom de sorrir, amar, 
fazer o que não conseguimos quando devemos...
Afinal, a vida são umas férias,
uma pequena passagem por um local que nos dá prazer...
Faça férias todos os anos da dua vida.
Cada dia tire um tempo, minutos, segundos
e relaxe a sua mente, o seu espírito de frustações,
perseguições de palavras ou acções...
Porque de férias só queremos o que nos agrada e faz feliz...
Faça férias cá dentro de si e verá que são as melhores férias
que já teve na sua vida, vividas na ilha do amor...
Boa estadia neste seu mundo mágico...

terça-feira, 29 de julho de 2014

Obrigado




Palavra de gratidão, de educação...
Palavra falada mudamente,
embrulhada na vergonha,
com um sentimento vazio...
Obrigado...
Um sentimento tornado em tesouro,
guardado só para ser utilizado em ocasiões especiais.
Obrigado, por estares ao meu lado...
Obrigado, por tanto amor...
Obrigado, por me ensinares a vida...
Obrigado, por falar por palavras
ditas em gestos, em momentos...
Obrigado, por seres filha, mãe, pai,
amigo, amiga, companheiro...
Mas obrigado por ouvires um sorriso
no vento desenhado na nuvem...
O rosto em forma de estrela, estrelado num céu,
tão brilhante que aquece...

terça-feira, 22 de julho de 2014

Abandonado




Por diversas vezes pedi a tua mão,
precisei do teu abraço...
As lágrimas caíam pelo meu rosto pela tua saudade...
Ainda tenho a ilusão de falar contigo,
mas quis o destino que te levasse para uma terra
tão distante a que eu chamo lembrança...
Memórias vazias de afagos...
São como o fumo da chaminé que não consigo agarrá-lo,
porque me foge entre os dedos do amor...
Abandonado, fico sentado na frieza da pedra mármore
com a certeza que não voltas...
Num adeus ficam fios de cabelos soltos,
nas palavras doentes de mentes fracas
trocam-se verdades pelo abandono...
Sim, sou eu abandonado...
Para ti deixo o meu renascer numa vida encontrada...
O telefone toca, ouço a voz muda pela morte
e, no silêncio, um punhado de terra de rosas brancas na despedida...
Abandonado encontro o conforto de quem eu sou...
Entro pela vida, entrego-me na tua luz
e feliz digo, obrigada!

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A Maquete


No horizonte da vida fazemos projectos.
Sonhos, sonhos, sonhos...
Dentro destes construímos cada grão de areia.
Em cada sentimento entregamos imaginação,
objectivos como também muito querer, acreditar.
Uma vida de sonhos tornados realidade...
Mas outros construímos como se a força do desejo fosse mais forte
e projectamos um desejo de vencer.
Com muita paciência, como se de uma devoção se tratasse,
trabalha-se o desejo de vencer.
Construímos os castelos e, na imaginação de meninos,
o sorriso volta e o acreditar fica.
As maquetes estão prontas, falta a realização.
Se brincamos às crianças?
Vamos brincar, brincando.
Vamos realizar sem medos.
O sonho é seu, construa!

A Lua



Encontrei uma amiguinha que se chama lua.
Estava um pouco triste, porque estava a passar 
por uma fase muito aborrecida, quarto minguante.
Fui buscar um livro e com muito amor contei-lhe a história:
todas as fases da vida têm a sua razão de ser.
Hoje, a lua é quarto minguante,
porque se está a transformar em lua nova,
depois quarto crescente que se transforma em lua cheia.
Todas as fases da lua são importantes.
Seja ela qual for é necessária ao homem, assim como à terra.
Cada uma tem a importância que tem.
Um luar cor de prata olhou para mim
e iluminou o seu sorriso.

domingo, 13 de julho de 2014

A Bíblia



Era uma vez ....
Toda a história começa assim, mas, hoje, vou contar um caso verídico,
o que não deixa de ser uma história real.
Hoje, como há muitos anos atrás também se emigra.
Hoje, são os filhos, mas os pais também já o fizeram na procura de uma vida melhor,
não só para eles como também para um família que iriam construir.
Neste caso, um casal emigrou para as províncias ultamarinas, Moçambique.
As viagens eram feitas por barco, não havia as chamadas viagens low-cost.
Os pais davam preferência às crianças de estarem com a familia de Portugal.
Numa dessas viagens um menino de 12 anos viajou ao cuidado de um casal,
senhores de confiança, para ver os avós.
Este menino era muito especial, educado, muito inteligente,
mas com uma Fé muito grande.
Todo ele era uma Luz viva pela alegria, pelo empenho
que punha em tudo e, principalmente, pelo seu enorme coração cheio de amor.
O seu desejo de abraçar os avós era enorme...
Nesta sua viagem de sonho, em alto mar, abateu uma tempestade muito grande,
o navio chocou e partiu ao meio.
Este menino viu pessoas a serem degoladas pelas chapas, viu pessoas mortas a boiar...
Encontravam-se todos nos camarotes, altura de dormir, quando tudo isto aconteceu.
O menino tinha o hábito de ler passagens da bíblia nos seus momentos...
Em S.Mateus, a passagem bíblica dos apóstolos em alto mar, sob uma tempestade
Jesus acalmou-a e disse, tende Fé e nada vos acontecerá...
Este menino, na aflição, pegou na bíblia, apertou-a contra o seu peito
e disse para consigo mesmo, se eu a tiver comigo nada me acontecerá..
E o milagre aconteceu...
A sua Fé era tão grande que sobreviveu ao acidente
e foi encontrado agarrado à bíblia, no seu peito,
porque ele tinha um sonho de ver os avós...
A sua Fé, o seu querer, a sua força...
Hoje, é um homem que continua com a sua bíblia,
porque ela continua viva, apesar de terem passado muitos anos,
e é o testemunho vivo de náufragos, sobreviventes das tempestades da vida.
A bíblia é um relato de vidas, de Fé, de princípios.
Assim como a vida, ela só é entendida quando pedimos Luz e
ao abri-la lemos aquela mensagem...
Dia após dia conseguimos entender, mas não ler.
O sonho são as pernas da vontade...
Sonho, Fé...
Fé, acreditar...



A Âncora




Uma âncora é um instrumento náutico pesado
e, geralmente, de metal que permite fixar,
no fundo dos mares rochosos, arenosos, o navio no local desejado.
Nas partidas levantamos a âncora.
Nas chegadas lançamos a âncora, por segurança.
Mesmo navegando em alto mar, ela está resguardada, mas presente,
o que nos ensina a termos uma segurança dentro de nós.
Este navio já andou em vários portos
e, por consequência, deve ou devia conhecer,
minimamente, o local e a sua profundeza.
Já transportou muitas raças, feitios e até idades,
mas nunca foi impedimento de seguir a sua viagem,
porque todos os passageiros acreditam na segurança desta âncora.
Garrar é o termo para chamar a âncora que não agarra
e se arrasta no fundo porcausa da corrente ou vento fortes.
A segurança que nos transmite é de um bem-estar...
No conjunto, no navio são todos importantes
e não se descuidam os pormonores pequenos,
porque desses formamos um navio de grande ou pequeno porte.
A âncora é a parte mais bonita do navio, mas passa a vida escondida.
Por vezes, esquecida e relembrada quando voltamos a necessitar da segurança.
Para que o seu navio possa andar em altos mares
precisa de utilizar a âncora
que são os seus valores guardados bem dentro de si...
A sua passagem pela vida necessita de atracar
com a segurança, que só você pode fazer.
Goze a viagem da vida sem sobressaltos.
Leve no seu barco quem você permite.
Regra básica nesta viagem, o respeito.
Srs. passageiros ponham os coletes
que vamos levantar a âncora.
Boa viagem!

A Trança


Mãos que entrelaçam vidas,
segurando-as com a perfeição de um trabalhar prudente,
como se de linhas de caminho-de-ferro se tratasse.
Um fio de cabelo teu são pedaços de trechos escritos
em curvas e contra-curvas da montanha percorrida.
Escadas da vida delicadas, mas deliciosas, pelo perfume da laca.
O arco-íris dos meus cabelos reflectidos pelo sol
são cascatas, onde o silêncio é feito pela floresta escondida.
Entrelaço, com amor, vidas desde que nasci,
sentimentos, alegria, amor, numa união perfeita entre tu e eu.
O manequim está pronto para uma passarela
de encontros fortes,de abraços quentes
com a certeza que não cai um fio de cabelo que não seja lembrado.
A trança são momentos envolventes entre o querer e a beleza.


Nua



Descalça com a vida fico nua...
Areia fina do teu olhar queima a alma
pelo calor de corpos sentados
na brisa do teu sorriso...
A espuma do mar nos meus dedos
são diamantes espelhados pela tua luz...
A nudez deste mar imenso é confundida
com lençóis enrolados em ondas de amor...
Fico parada à espera que o tempo, quieto,
me mostre o pôr-do-sol...
A brisa leve fecha-me os olhos no sonhar acordado,
despida de preconceitos pela emoção...
A natureza sorri, a velocidade do tempo passa
e eu nua, vestida pelo teu abraço,
de uma beleza nos teus olhos como o pôr-do-sol ....
Caminho em direcção às nuvens
no saborear o algodão doce da vida...
Nua, transparente...

domingo, 6 de julho de 2014

O Tráfico Humano



Tráfico humano, de droga, de orgãos, de sentimentos...
Tráfico humano sempre existiu e continua a existir...
Os espermatozóides no homem já são comprado por homens, mulheres,
quer em clínicas próprias para isso, mas aos olhos da lei,
quer também para o tráfico de prazer,
por uma noite, numa busca contra a idade.
Qualquer homem é um possível traficante de espermatozóides,
mesmo sem o saber.
É utilizado e manipulado não só pela mulher,
como também pela oferta monetária do mercado,
numa sociedade onde se sobrevive a um tempo sem tempo.
O tráfico de drogas consiste em ilusões...
O mundo precisa de sonhar sem sofrer
e o sonho torna-se em pesadelo
e ficamos prisioneiros de corpos transparentes.
Droga, palavra injectável que vagueia por estradas emocionais da vida...
Tráfico de orgãos, pequenos nadas vendidos por bancos...
Milionários, tesouros apodrecidos com o tempo numa venda
em pó como se de uma droga se tratasse...
Cemitério, rede de energia passada
de museus de pedra mámore numa terra do nada...
Tráfico de famílias, de preconceitos, de valores e de julgamentos...
Afinal, quem é o traficante?
O que trafica ou o que se deixa traficar?
Nascemos num mundo traficante e sobrevivemos...

A Bola

 

Em teus pés brinquei, em teus pés joguei.
Rolei sobre os teus olhos
e sobre o comando de voz saltei na euforia.
Grito, é agora, e num nervosismo abafado pelo roer de unhas
pinto o meu rosto com as cores da minha pátria 
e jogo um jogo de seleção por mim feito.
Ganho amigos, conheço países na procura redonda da bola,
encontro amores entre as palmas dos golos
e abraço olhares quentes pela mágoa do hino nacional.
Encontro o adversário ao virar da esquina
com a garrafa de cerveja, a caipirinha e o cachecol de vestuário.
Fico atenta ao driblar das ancas
na sedução provocada pela beleza do relvado, verde da esperança.
Com o coração a pulsar, o sangue vermelho faço
a minha bandeira preferida de uma pátria de emigrantes
num mundo onde todos jogamos o amor à bola.
Gritos de gargalhadas e melodias de apitos
num penálti de lágrimas de emoção.
Nasceu...
Goloooooo...
Goloooooo...
Goloooooo...