Tudo começa assim...
Era uma vez um menino chamado Paulo que cresceu numa família humilde, de muito trabalho, mas principalmente, de união familiar.
Depois da ceia, tinha por costume sentar-se com a sua avó, junto do lume, a contar histórias de vida reais, dos antepassados, de gerações com tradições de muita sabedoria.
Paulo era o primeiro a comer para, depois, se sentar no seu banquinho a beber saberes e mais tarde analisar tudo ao seu modo e jeito.
Paulo tem 7anos. É inteligente, astuto, bondoso, mas a sua generosidade vai além das suas capacidades. É um menino de ouro!
Já nasceu a ouvir falar de fé, porque a sua mãe tinha grande devoção por Nossa Senhora de Fátima, como o seu pai, apesar de ser mais contido na sua devoção.
Um dia, na sua inocência perguntou:
- Mãe, o que é a fé? Posso a ver? Queria tanto conhecer Deus...
A mãe respondeu:
- Filho, a fé é o Jesus, o teu anjo-da-guarda, a Nossa Senhora de Fátima... Eles estão sempre ao teu lado...
- Hum - pensou impressionado - ainda vou à procura da fé, porque é bom quem a tem e faz feliz.
Certa altura do tempo a sua avó adoeceu e o amor por ela era tão grande que não iria permitir que a doença a levasse.
Logo pela manhã foi à padaria para lhe darem um pouco de fé.
O padeiro voltou-se para ele contendo a gargalhada e disse:
- Aqui não vendo fé, só pão.
Triste, mas não desistindo, foi à mercearia, ao talho, à farmácia, ao café, e até à oficina.
Cansado da resposta ser sempre a mesma sentou-se no degrau da igreja e pensou:
- Se vou buscar o leite à mercearia e já vem embalado, o mesmo para os ovos, o frango para cozinhar, o café quentinho na chávena... o remédio que cura tudo vem em frascos, o carro vem arranjado da oficina, porque não me dão só um pouquinho de fé para eu dar à minha avó, que tanto adoro? Foi ela que me ensinou tudo o que sei e sou, mas eu não vou desistir...
Uma lágrima corria no seu rosto de tristeza e cansaço quando ouviu uma voz que lhe disse:
- Porque choras, menino?
Levantou o seu rostinho, contou a sua história e o que procurava.
- Não chores, meu filho, e não a procures mais, porque já a tens...
De olhos arregalados, que mais pareciam duas estrelinhas, por serem de um verde esmeralda,
disse:
- Onde, onde, onde está?
- Dentro de ti! - respondeu a voz.
- Não, não tenho nada, juro.
A voz continuou:
- Pelo teu amor à tua avó, encontraste Deus!
- Como? - perguntou Paulo.
A voz respondeu:
- Amarás o teu próximo, como a ti mesmo, e quem fizer o bem ao próximo está a fazer bem a si. O teu amor pela tua avó já a salvou. Vai para casa que ela está à tua espera para te abraçar.
- Espera voz, e a fé, o que é?
- É algo que tu não vês, mas acreditas no fundo do teu coração. São todos os teus sonhos que se realizam, porque tu acreditas, porque tu queres.
- Como assim, explica melhor, por favor...
A voz, pacientemente, respondeu:
- Anda cá que eu quero mostrar-te... Sabes que objeto é este?
- Um telefone, em minha casa também tenho um.
- Pega nele e telefona para tua casa e fala com a tua avó.
Paulo assim o fez e falou feliz com a sua avozinha. Quando desligou ficou pensativo, porque não entendia nada.
A voz vendo a sua preocupação disse:
- Assim é a fé... Não estavas a ver a tua avó, mas tinhas a certeza que ela estava lá. O mais importante é acreditares sempre, mesmo não vendo.
Paulo, feliz, lenvantou-se para agradecer a ajuda, mas não encontrou ninguém.
Intrigado passava a mão na cabeça e pensava:
- Eu não estou louco...
Correu para os braços da avó e contou-lhe o que se tinha passado.
- Avó!
Feliz, disse:
-Tiveste uma conversa com Deus.
Até aos dias de hoje o menino, que hoje é um homem, nunca deixou de acreditar na sua fé.
Procuramos, procuramos e a fé está dentro de cada um de nós, basta acreditar.