Partiste como a leveza de uma pena num espaço aberto...
Uma tempestade de palavras salgadas lavavam
o meu rosto branco como as tuas vestes...
Não me disseste adeus...
Apenas vou resolver uns assuntos e já volto...
Esperei e cansei-me...
Tão cansado que estou da lembrança
de entender o que se passou...
Os anos passaram e eu na linha do alcatrão vejo
o teu rosto caído sobre as marcas do tracejado
branco no negro da dor...
Partida sem regresso...
Partida de vidas não vividas, ainda sofridas...
Deixo cair a pena sobre a terra e com pena despeço-me de ti...
A tua força enriquece o meu coração,
perfuma a doçura transparente dos teus olhos azuis
nas águas límpidas mas quentes pelo amor que sinto por ti...
Na tua partida afago nas minhas mãos um retrato teu
com a intensidade de te rever ao meu lado...
Fica o que me ensinaste e o que sou
num ofertar de agradecimentos
e que estejas sempre como as asas de um anjo,
dando-me as peninhas caídas do céu...
Obrigado pelo teu abraço...
Dói a solidão...
Em oração, nos meus pensamentos escrevo
que tu me ouves e realizas...
Estou de partida, morte, e na chegada, vida,
momentos paralelos se completam e nunca se separam...