domingo, 2 de junho de 2013

A Despedida



A carta que nunca escrevi...
Carta e saudade.
Carta e lembrança.
Quem escreve uma carta tem algo para dizer,
pois é isso que vou fazer.
Vou escrever a minha carta de despedida.
Não é de morte, mas de vida, de amor.
Quando nós temos amor por alguém,
seja homem ou mulher,
queremos ver a felicidade deste nosso amor
nem que tenhamos de prescindir desse amor por outro.
A despedida é um lamento,
é um choro,
é uma perca de...
Preciso de fazer uma homenagem a quem já faleceu.
É uma história triste, mas real.
Aos 18 anos uma jovem de uma família de comerciantes
era apenas uma menina como tantas outras,
era a quarta filha deste casal trabalhador.
Um dia conheceu um jovem que se apaixonou perdidamente.
Ao fim de dez anos de namoro engravidou de um menino.
Ao saber desta gravidez ele abandonou a sorte da vida... ela e o bebé.
O nascimento desta criança trouxe a esta jovem mãe, vida, felicidade, luz...
Mas durou pouco...
Quando tentou ser mãe a avó tirou-lhe esse dom.
Foi julgada, injustiçada e atirada para a vida, principalmente,
pela sua mãe foi tida como louca.
Ainda hoje penso o que leva uma mãe a maltratar,
a julgar a sua própria filha, ao ponto de fazer a laqueação das trompas,
servindo-se do seu trabalho para isso.
Esta jovem mãe nunca o soube a não ser mais tarde.
A criança foi educada por estes avós.
Era mau estudante, foi maltratado pela vida
e o que a avó dizia da filha aconteceu ao neto.
O menino foi criado sem afectos e sempre a pensar que a mãe não o amava,
pelo que era impossível... uma mãe ama sempre o seu filho.
As circunstâncias, muitas das vezes, levam a fazer ou ser obrigada a fazer opções.
Abdicou deste amor em prol da segurança do filho.
Também pelos maus tratos de um segundo casamento...
Este marido tratava a mãe com tareias ao ponto de ir para o hospital.
Mas ela, mãe, escondia por detrás de um sorriso, as lágrimas e a dor, este sofrimento.
Como foi viver para a terra do marido tentou telefonar,
escrevia cartas de amor, saudade que nunca chegaram a ser entregues, nem lidas.
Ele casou, mais tarde divorciou-se, casou novamente
e no dia do casamento perguntaram pela mãe e disseram... está morta...
Pergunto: Será que a sua esposa não tentou averiguar a verdade?
Ou ele também julgou a mãe como a sua avó?
Quis o destino fazer o reencontro e os unir.
Soube que tinha dois netos e o mais velho tinha e tem problemas de audição.
A vida ensinou o filho através do seu próprio filho.
O quanto ele foi surdo para esta mãe desesperada,
porque a avó nunca fez a união entre mãe e filho,
porque o filho é juiz...
A dor da mãe é profunda, mas o amor que ela tem é superior à dor.
Quem perdeu foi o filho que não reparou
que o amor da mãe sempre esteve ao seu lado...
Não fisicamente, mas em espírito.
Este homem, pai de família, como pode exigir de seus filhos
aquilo que ele não acredita, que não tem?
Amor, amor ao próximo...
Quem perdeu foi o filho, hoje homem, porque viveu uma vida de revolta,
de medos, de solidão e foi um boneco tele comandado por todos os que o rodeavam.
Aqui faço a despedida de uma vida perdida, mas vivida.
O perdão no coração desta mãe já foi feito pela vida...
Os humanos conseguem estragar vidas com mentiras, com palavras e actos.
A passagem bíblica diz:
Abençoada da mulher estéril que não vê seus filhos a sofrer.
Filhos são aqueles que dão amor e muito respeito
e que dão a mão e dizem... amo-te tanto mamã!
Aqui fica a homenagem a esta grande Mulher
que apesar de estar morta ela sorri... e diz:
Um filho é uma ilusão...
Um filho é amor, porque nunca se desiste de amar um filho.
Da tua mãe ausente, mas presente na ilusão de um dia o filho dizer aos netos...
Esta é a tua avó!