domingo, 16 de junho de 2013

Mendigos



Sentada numa cadeira da esplanada a tomar um café, 
eis que me deparo com uma imagem tão triste, 
tão degradante para todos nós.... 
Uma jovem, não sei quem, mas também não me interessa de que raça ou país é... 
Apenas uma jovem de uns 12 a 14 anos com outra criança de tenra idade, 
num carrinho de bebé, sobre um sol tórrido. 
O estacionamento está à minha frente, 
porque além de tomar o café também aproveito para fazer compras. 
Por isso digo, grande estacionante esta jovem...
A mendigar quer aqueles que mal acabam de parar, 
como aqueles que vêm com as suas compras nos carrinhos de supermercado. 
A insistência é muito grande... 
Até se torna cansativa. 
A pobreza desta imagem é enorme... 
O sol está a pique, como nós que enquanto sociedade aceitamos esta violência 
e ao mesmo tempo pobreza de espírito.
Os seguranças fecham os olhos... 
Neste caso sabemos que recebem o rendimento mínimo, 
mas continuam a servir-se de nós para tirar o pouco que temos.
Tanta segurança social, tanta ajuda...
E nos momentos que precisamos o povo continua a dar.
Como nós aceitamos esta mendiguice... 
Se dissermos que não tenho moeda, 
porque por vezes não temos mesmo, 
rogam-nos pragas. 
Não acredito, mas é o modo como o fazem...
Se damos o que temos eles dizem que ja têm 
e querem escolher o que querem. 
E como se não bastasse, 
também temos os olhos a ver se damos, ou fazemos que damos. 
É um acenar de cabeças, condenando a nossa posição, 
ou seja, estamos como... o tolo na ponte.
Se seguimos para a frente ou se nos deitamos ao rio.
É um alerta de consciência, porque ser mendigo não é vergonha.
Para mim é uma honra,
porque é o assumir de vida que por vezes não corre bem. 
Pobreza de espírito é outra. 
É o que vimos... 
E é a mais nesta vida, porque a fartura é muita, 
mas não sabemos utilizá-la. 
Todos nós, presentemente, somos pobres de espírito. 
Fome não é ser mendigo... 
Mendigo é a honra de pedir
e ter consciência das dificuldades presentes. 
Vejam, tanta gente a cuidar de outros países, 
quando à nossa porta têm muita fome encoberta. 
É o contraste de uma sociedade do faz de conta... 
Os mendigos do Amor... 
Mendigos do trabalho... 
Mendigos da solidão... 
Eu sou mendiga da justiça. 
E vou continuar sempre a mendigar, 
ou melhor, a esmolar a justiça.
Porque o que eles me dão...
É uma esmola!