quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A Floresta


Olhei a montanha 
e senti-me insignificante perante tanta grandeza...
Os meus olhos percorrem árvores vestidas de cor 
e cheiros da terra, do nevoeiro,
a formiga calcada pela ignorância do seu andar... 
Mas o cantar da cigarra lembra o Verão perdido neste mar imenso, verde... 
Onde tropeço nas raízes escondidas, por vezes desonestas, 
mostrando cobras em forma de alimento... 
Onde devoram almas que fogem do desconhecido, 
injectando veneno, paralisando-as de medo 
que perdem o andar e a capacidade de raciocínio... 
Onde a cascata, nos meus ouvidos, lembram a minha infância... 
Onde numa inocência brincava ao pé coxinho, à cabra cega... 
Tornei-me na triste viuvinha que andava na roda da vida 
a chorar um choro de criança que tudo tem e nada a satisfaz... 
O nevoeiro levanta-se e é deslumbrante! 
O que vejo? 
Vida! 
Raios de sol penetram no meu corpo, 
aquecendo a alma de tão forte ser a sua luz... 
Incendeiam-se paixões na floresta num abrir e fechar de olhos, 
onde prisioneiros a este fogo ficamos... 
Sufocamos com tanto fumo que nos aparece, 
o tal nevoeiro que nos perturba a visão, 
mas continuo a querer olhar a montanha 
e sinto dentro de mim uma alegria imensa de ver tanta beleza nos meus olhos... 
Volto para a cidade marcando caminhos para renovar o queimado 
já transformado pelas primeiras chuvas... 
E a Primavera em flores é como o verde da esperança... 
Tudo voltou ao seu lugar... 
A minha floresta!