Piso a terra queimada pelo fogo...
Nos meus pés o calor humano sentido
com o peso da fuga que queima a alma...
Botas cinzentas, dobradas pelo cansaço...
Dobro-me para pegar na mangueira que se enrola no meu corpo
como uma dança de fogo, queimando a magia da terra,
onde braços musculados seguram fortemente na água,
numa perseguição entre o polícia e o ladrão,
na tentativa de fugir ao queimado de uma cicatriz para toda a vida...
Os gritos são palavras de medo da morte,
trazendo à memória vestes negras de filhos perdidos em carvão
desenhado numa tela exposta na galeria da vida de um quartel...
O bombeiro é um anjo na terra
que se desliga da vida através de um fósforo,
onde queima a escuridão iluminada pela cor do pôr-do-sol...
Um abraço, um sorriso de missão cumprida...
Vidas salvadas pela dor da consciência num afago do meu rosto...
Estou vivo, graças a Deus...
E uma peregrinação à Sra. de Fátima, um Pai Nosso, uma Avé Maria
aliviam mortes não desejadas pelo fogo
que nos aquece e queima esquecimentos de tempos...
Para vós bombeiros a minha homenagem...