sábado, 22 de março de 2014

O Amilcar



Hoje, venho contar a história do Amilcar.
Na nossa infância sonhamos em ter um urso.
Sim, um urso de peluche.
Mas este é diferente, é um urso de ninguém...
Nasceu pela imaginação e mãos do homem numa fábrica,
onde cada pedaço de tecido era preenchido por algo que fazia volume.
E pouco a pouco vou tomando forma de urso.
Nesta altura não tenho nome.
Vou ser exposto em praça pública, numa montra
para que todos me vejam e me desejem...
Ouço comentários, mamã tão giro, queria tanto...
Resposta, hoje não, não posso...
E lá fico sozinho mais uma noite, 
até que um dia uma senhora pegou em mim e disse, 
és tão lindo! Vou levar-te para o meu neto!
Fiquei silcencioso à espera desse milagre e assim aconteceu...
Pegou em mim como se fosse um bebé
com os olhitos tão felizes por me ter a mim...
Finalmente, encontrei a minha família...
Deram-me um nome e sou tão feliz...
Em toda a nossa vida também somos tratados como coisas.
Põem e dispõem de nós como se não tivessemos vida.
Somos deixados de lado e passamos a fazer parte da mobília.
Até que um dia o nosso sonho, como o do Amilcar, se torna realidade...
A força do amor faz o milagre da vida...
E de volta à vida sou feliz e faço feliz esta família maravilhosa...
Obrigado!

O Sonho


Sonho acordado com a rapidez da vida...
No meu sonho vagueio o espírito
numa procura galopante sobre o trançar do pelo...
Visto-me a rigor para a cerimónia do despertar de te ver...
Um sonho dormido nas tuas mãos...
Calor do beijo de boa noite...
Vivo a minha infância protegida pelo embalar doce
de música suave nos meus ouvidos...
Vejo a luz na escuridão dos meus medos
e choro todas as perdas da saída apressada de uma mãe...
Pelo trabalho deixo de viver um sonho nos meus sonhos...
Durmo na procura de um dia crescer, sonhar e viver sonhando...
O sonho comanda a vida...
Sem eles deixamos de acreditar...
Sonho, fé de um menino...

A Aliança


Num entrelaçar de dedos sinto o calor das mãos frias, 
suaves como a tranquilidade de um olhar...
Vejo a aliança entre as tuas mãos 
e um pedido silencioso na surdez da calada da noite...
Vejo a obsessão no teu pensamento do quebrar da aliança...
Procuro o teu olhar de felicidade no brilho do ouro 
pela aliança de um juramento de amor eterno...
Perante o altar de flores primaveris peço a Deus
toda a protecção entre as duas mãos...
Um elo, um compromisso de respeitar, ser fiel com os valores morais...
Ajoelho-me em devoção moral e cada uma delas será entregue a vós...
Recebe esta aliança como compromisso de respeito,
de um amor intenso como o café...
Mas depois de saboreado fica o vazio na chávena...
E de mãos dadas caminho por duas vias, por vezes opostas, mas sinceras...
Afinal é tudo a imaginação no prolongar de um desejo de alianças,
palavras de acordos da grandiosidade da verdade, da sinceridade...
Esta é a minha aliança...
De mãos dadas caminho para a vida numa aliança de entrega...
Corpo e alma, assim...  

terça-feira, 18 de março de 2014

Pai



Com três letrinhas apenas se escreve a palavra Pai...
É das palavras mais pequenas, mas a maior que o mundo tem...
Pai  ausente, Pai presente, apenas Pai... 
Nasci sobre a tua força entre os braços do amor.
 Embalaste-me com o teu sorriso, com um olhar cuidadoso,
com a verdade sempre presente nas tuas atitudes,
na aliança de promessa, de honestidade,
fidelidade, numa vida de trabalho e amor...
Sempre  com diálogos brincalhões...
Ensinaste-me a confiança e a liberdade de dizer, 
a fazer pela vida sempre com a responsabilidade
de não faças aos outros aquilo que não queres que te façam...
Como Pai, sempre presente...
Como marido, respeito... 
Partiste e deste-me tempo para me despedir de ti...
Não choro, porque não acredito na morte, mas, sim, no espírito...
Estejas onde estiveres és e serás sempre o meu Pai...
Pai ausente transporta com ele os filhos
 na saudade de um afago, de um sorriso
e até na oferta de um computador para descontar o tempo ausente...
Pai ausente é como o filho ausente ...
 São cordas,  em nó de marinheiro, que se seguram com a fortaleza do aço...
O amor presente, um porto seguro para o teu abraço... 
As circunstâncias da vida fazem caminhos cruzados,
mas, também, nós não sabemos voltar atrás e dizer, amo-te Pai...
Na tua partida, flores, um carreiro de formigas negras
e pedaços de terra em palavras são ditas, descansa em paz...
Hoje, vivo com a aprendizagem que me ensinaste na morte...
O perdão constante...
Continua na vida o que tu és...
O amor são as tuas obras...
 Só assim será eterna a memória...
Para ti Pai, amo-te!

A Atitude


Percorro caminhos numa busca incessante 
de atitudes para comigo mesmo...
Percorro desertos onde cactos estendidos no areal
formam dunas encobertas pela força do tempo...
Aguardo, pacientemente, que a tempestade dos medos 
seja abafada por um grito de liberdade e de felicidade...
Descalços, os meus pés queimam
e os grãos de areia soltos da cor do café trazem 
à lembrança o cheiro da terra molhada...
O desejo da atitude, para mim, torna a certeza
de ter a luz nas minhas mãos...
Brilho de dia, brilho durante a noite...
Não quero deixar partir a linha do horizonte, marco da vida...
À atitude junto a força do querer...
Com a delicadeza do sorriso sigo em frente e vejo-te...
Pego, nas minhas mãos, na áurea verde da esperança
e espero que nunca se derreta em cubos de gelo...
A sonolência traz ao meu coração a certeza
e, com certeza, a atitude certa...

O Preservativo



Pego em ti com o prazer de ter prazer...
São smarties coloridos que me apetece saborear, em certos momentos,
e por uns instantes derretem-se no meu paladar...
A agitação com a aflição torna a pressa a inimiga da utilização,
por vezes falhada, pelo tempo parado de espera...
Quando usado é como um apertar o cinto...
A respiração fica enevoada pelo excesso de temperatura 
e o balão mágico foge-nos do controlo...
Restam apenas vidas não nascidas pelo prazer de deitar fora...
Se estou a escrever um conto erótico?
Sim, também, pode ser, até porque faz parte da vida...
Mas não, estou a falar de vidas...
Temos o prazer de utilizar, pôr e dispor do ser humano.
Prazer esse que despejado de línguas maldizentes
deixa no preservativo restos de vidas magoadas, afogadas,
apenas com a certeza da não sobrevivência...
A felicidade de te desembrulhar na total nudez de valores
fica ao dispor do teu mal carácter e deixas-me num canto jugado
de uma má experiência escondida aos olhos julgados...
O preservativo evita muitas doenças contagiosas,
mas não consegue evitar a má língua, a maldade, 
mesmo antes de nascer...
É um bem necessário para a humanidade...
Utilizem-no não com a vergonha...
Vemos caras e não vemos corações...
Vemos corpos, mas corpos doentes, 
sedentos de morte pelo prazer da vida...
Vivam e deixem viver...

Retalhos


Rasgo um sentimento em retalhos...
Pedaços de vida quebrados no meu corpo
como as estalactites perdidas nas grutas profundas...
Minha alma no mar gelado...
Passeio o meu espírito por mundos proibidos,
sinto no meu corpo retalhos arrancados por tuas mãos
cobertos por um sorriso no voar da cegonha...
Ninhos feitos em correntes de luz...
Nasço de transformação de cirurgias
e disfarço a cicatriz desenhada pela dor da partida...
Retalhos com histórias lembradas e contadas pela cor da mentira...
Lágrimas de sal transformam-se em suspiros doces, muito doces...
Reconstruo em puzzle a perfeição da minha alma,
num nascimento completo, onde os retalhos são apenas lembranças...
Vida de retalhos transforma-se em momentos, apenas...
Vida de palavras, fica o eco na montanha...
Vida de acção, o sonho realizado...
Vida de ilusão, o vazio...
Retalhos, apenas pequenos nadas, mas juntos constroem...
Retalhos, sim...
Sou apenas um retalho perdido por alguém
na esperança de ser encontrado...
Retalhos...

Shukran



Nas tuas mãos desenho toda uma vida...
A intensidade com que é desenhada
revela um colorido de Primavera.
Desejos de agradecimento de par em par...
As borboletas voam como se tinta fosse,
marcando a sua passagem leve e suave, 
poisando nas minhas mãos limpas de preconceitos...
Percorro o calar da voz da mesquita num casamento predestinado 
de mantos coloridos que ficam tatuados no teu olhar...
Em cada linha um desejo que se realiza a cada segundo de fé...
Mãos mostram a verdade do desejo,
desejado de um tempo realizado na esperança
de uma união de duas mãos...
As linhas também marcam o trabalho de paciência 
com resultados de pintura histórica...
Paciência de agradecimento a um mundo e tradições desejadas,
a religiões casadas mas de diferentes etnias...
Apenas Shukran...

domingo, 16 de março de 2014

A Vida


Seguro em ti com a delicadeza que mereces...
A transparência do teu rosto dobrado por uma lente de aumento,
a água nos teu lábios são a prudência misturada com um pouco de loucura...
Dão razão à vida reflectida como um espelho...
O teu rosto bem delineado pelo pincel dos teus olhos...
Sorriu pelo deslizar nos teus cabelos, pedaços de caracóis
que se enrolam nos meus dedos...
O anel de pertence brilha como o sol de satisfação de te ter na minha mão...
Um olhar, um copo, a água que transborda a vida 
transformada pelo álcool que vicia a gargalhada descontrolada...
Pego em ti e revejo a criança perdida no oceano sem saber nadar.
Mas o teu corpo frágil transforma-se em segurança
apertada de uma vigia nas quebras, no partir, na morte
reduzida a cacos e irreconhecível, num vidro transpartente,
onde águas lavadas de várias maneiras levam pedaços de mim para ti...
Pego em ti, vida!


A Lua



Perguntei à lua como era o seu olhar...
Sorriu para mim luminosa e disse, a luz de uma olhar...
Encantada com o seu brilho
tomo banhos de luar para que no meu corpo prateado
fique toda a transparência de lugares encontrados nas tuas mãos...
Caminho pela estrada do luar sempre na esperança de te encontrar...
Os meu olhos em prece rogam a tua presença.
Calço os sapatos prateados e danço,
com as folhas caídas de um outono orvalhado,
a música no meu rosto molhado pela chuva...
Pego numa gota e sobre o teu olhar soluço a saudade...
De dia proteges-te, de noite vejo-te linda, brilhante, redonda...
Por vezes, encontro as fases...
São pedaços teus espalhados, como a magia sobre um mundo de luz...
Lua que te deitas todos os dias ao nascer do sol enrolada sobre o calor
e no pôr-do-sol despertas com o chamamento de um olhar apontado para ti...
Lua que trazes a verdade de um final de dia...
O mundo ajoelha-se e diz, obrigada!
     

sexta-feira, 14 de março de 2014

A Fé


Hoje, venho falar da força da Fé...
Havia um homem com a mão ressequida..
Nos momentos de desespero chamava por Deus.
Jsesus andava por aquela aldeia e o homem pediu que o curasse.
Todo o povo esperava a sua reacção...
Disse que sim.
Houve um murmúrio em seu redor
e disseram que era proibido curar a um sábado...
Como é que isso é possível, respondeu Jesus...
Se eu tiver uma ovelha caída no poço não a posso salvar?
Disse ao homem, vai em paz e estás curado...
Os romanos usavam a força da violência nas arenas. 
Muitos eram inocentes,
mas como tinham ideias contrárias eram condenados...
Jesus, naquela altura, lutava pela sua verdade
e por fazer o que achava correcto...
Mesmo nas estradas todo o povo que gostava tanto de o ouvir
nada fazia contra os soldados romanos que o açoitavam...
Aqueles que tanto o adoravam apenas assistiam a tudo,
sem uma única atitude de salvar aquele em quem acreditavam...
Pergunto, onde está a Fé?
A razão falou mais alto...
Aquela união espiritual de partilha com o seu mestre 
ficou transformada em banhos de sangue,
como todos nós sabemos, a crucificação...
Na era actual, transformamo-nos em romanos.
Achamos que temos o direito de chicotear, com palavras
e até com acções, todos aqueles que não têm a mesma opinião,
porque a verdade tem de ser combatida...
Naquela altura, Jesus já tinha um pensamento
ou ideias superiores a todos eles...
No tempo que corre, quem tem ideias superiores,
a verdade, é banido pela sociedade...  
A Fé é uma luta entre a verdade e a mentira, o acreditar no que queremos,
algo que ainda não temos mas que se vai realizar...
Acreditem!
Tudo quanto pedirem com sinceridade, de coração, realizar-se-á,
porque a Deus nada é impossível...
A cada um de nós cabe a verdade e o livre arbítrio das escolhas. 
Todos vós tiveram provas da presença de Deus...
Continuem a sentir, todos os dias, em vossa vidas
e Deus vos abençoará em dobro...
Pedi, dar-se-vos-á...
Buscai, achareis...
Pois todo o que procura, encontra...
Esta é a força do acreditar, da Fé...  

quinta-feira, 13 de março de 2014

A Baía



Passeio à beira mar, onde o olhar perdido
leva-me a transformar o meu estado de espírito...
A transparência do mar traz a recordação
de baldes perdidos de areia em castelos
num vai-vém de águas evaporadas pelo calor da força
que faço na construção de sonhos...
 Onde peço o príncipe e aparece o cavalo a galope
num areal imenso levado pela crista suave da brisa...
Continuo na minha baía
e sentado relembro o quanto é importante
sentir os meus pés descalços, fortes
nas águas salgadas das minhas lágrimas...
Ouvindo o chamamento da sereia fico encantado
com a visão de um menino sozinho
na procura dos seus sonhos...
Sentado na toalha de praia leio
o primeiro capítulo do livro "A sereia, eu e a Baía"...

A Sobrevivência



Sou felino e penetro nas entranhas para me satisfazer
de pequenas presas desprotegidas  e distraídas com a vida...
Rasgo a vida, saltando de galho em galho, mostrando a rapidez
e a flacidez a que a própria selva me obriga...
Ser a sentinela, perdida num olhar mágico...
Olho em meu redor e vejo florestas de cores verde forte,
dando-me a esperança de sobrevivência...
Preciso de viver de boca fechada, de dentes afiados...
Todos fogem de mim pelo meu rugido, meu porte...
Mas para tranquilizar o mundo vivo, suavemente,
nas grades do jardim zoológico...
E passo a ser o gatinho mais lindo
e mansinho que todos nós desejamos ter...
Consegui sobreviver...
Imposição, ser o que não sou...
Gritos de alerta, gritos de medo, muitas vezes mudos
pela cegueira do medo.
Afinal quem sou eu?
Tantas transformações...
Mas continuo a ver o respeito pelo animal que sou, dentro de mim...
Forte, corajoso, destemido quando provocado...
Manso, lindo, suave, doce quando tratado com a inteligência do respeito...
Sobrevivo na sobrevivência da selva humana...
De passagem parei e fotografei este grafite...
Deixo aqui a minha homenagem
a estes artistas desconhecidos pelo trabalho maravilhoso.
Parabéns para vós...

A Direcção



Pego nas chaves e tenho a atitude de querer sair.
O automóvel começa a trabalhar e tenho a mente vazia de desejos.
Vêm-me à memória muitas direcçõesmas qual delas será a melhor?
Não sei...
Sei apenas que preciso de andar para algum lugar e pensar...
Pensar na solidão do ruído do motor...
Meto a primeira mudança com medos,
mas, suavemente, a minha vida é embalada com a força do motor.
Passo terra, lombas, águas, serras,
mas sempre protegido por um automóvel...
Pode ser antigo, mas transforma-se em antiguidade rara.
Tenho a capacidade de renovar tudo o que quero...
Pode ser um automóvel novo,
mas com as mesmas características da antiguidade...
O importante é saber conduzir sem ter acidentes...
Posso aplicar no trabalho ...
Antiguidade é um posto e cada vez se exige mais...
Tem mais sabedoria por ser antigo...
Não se perde com palavras ou acções de provocação..
Tenho as chaves na minha mão
e saio dali agora, quando quiser...
Sendo um automóvel novo tem, também, as novas tecnologias
que lhe dão o prazer de descobrir
sem medos e de uma forma  rápida...
Tem o seu valor, tem muita estrada para andar
sempre com qualidade e bem estar...
Quem escolheu a vida foi o você...
Ande, saiba meter as mudanças na hora certa...
Elas ensinam como se deve fazer.
Nunca vai ter nenhum acidente,
porque está a conduzir com segurança
e também porque tem a luz divina a proteger...
Faça caminhos longos...
Boa viagem!

quarta-feira, 12 de março de 2014

Viver




Que pequena que sou diante da vida...
Grandes momentos, monumentos para onde olhei
e fiquei insegura...
Será que nos caem em cima?
 O medo apavora a minha alma...
Não, não quero...
Sou um ser humano grande, pequeno,
mas vivo no mundo da competição,
onde há um pisar constante e o tropeçar de sentimentos...
Ficamos na ansiedade e de braço dado com a força,
sabedoria e inteligência... 
O querer...
Levanto os meus braços em prece contínua
e peço a Deus que ilumine estes gigantes que atrofiam a minha mente...
Luto...
Lavro a terra da vida e corro a uma velocidade transparente
e encontro a semente nas minhas mãos...
Liberto-me da necessidade de ter a razão,
onde as palavras de veneno são pisadas
pelas pegadas da brisa leve da areia da praia...
Três certezas tenho...
A certeza de que começamos sempre...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza que temos de finalizar tudo o que começamos...
Somos fortes suficientes para cara a cara,
olhos nos olhos viver, viver, viver!

segunda-feira, 10 de março de 2014

De mãos dadas



São espaços para que possa colocar os dedos de quem amamos...
Frágeis, doces no teu contacto...
Um bem precioso para a minha sobrevivência...
O sentir a força, o apertar contra ti, um olhar de segurança,
de perdão, como a liberdade de amar... 
Quero ter o teu entrelaçar num nó de marinheiro, num porto seguro
e ser acariciado pela pele de seda, enrugada com a continuidade da vida...
Quero partilhar caminhos, estradas, voos...
De mãos dadas seguro a tua vida presa por um suspensório...
De mãos dadas sorrio para ti, digo amo-te,
a palavra saudade deste entrelaçar de dedos...
Todos os dias são vividos como se de uma despedida se tratasse...
Aperto-as contra o meu peito pelo cheiro a Patchouli viciante, mas saboroso...
De mãos dadas, mas libertas de desejo de uma aliança de almas,
dando paz, amor, tranquilidade...
De mãos dadas...

sexta-feira, 7 de março de 2014

A Mão



Rasgo a vida com a força do querer...
Em tua mão vivo dependente pela minha pequenez...
Respiro o ar dos teus olhos cheios de lágrimas de amor...
Lavo a minha alma com o sabonete...
Cheiros perfumados da terra sentidos no meu corpo...
Grito num choro sufocante de viver esta vida de liberdade...
O quanto me torno tão pequena na humanidade de grandeza,
onde satélites me mostram a importância da vida, do nascer...
Nas mãos da vida consigo ser trocada,
como também perdida nos quatro cantos do mundo,
onde o meu espírito se transformo numa brisa leve,
levando afagos em teu rosto, pela criança que sou...
Mão protectora que me segura na queda
e que me levanta sempre com segurança e protecção,
como se fosse um pára-quedas
no aterrar sem dor na partida do corpo.
O quanto pequenina sou...
O quanto me transformo...
O quanto vivo na vida...
O quanto sou feliz por estar em tuas mãos, vida...

quinta-feira, 6 de março de 2014

A Carta



Sentada na borda da estrada da vida,
penus rodados levam a minha imaginação
para uma fuga constante de mim mesma...
O olhar fixo no trabalhar do motor...
Qual a direcção a tomar...
É um vai vém de dificuldades para poder passar entre eles...
Luzes cegam-me a paciência...
O buzinar descontrola a capacidade de raciocinar,
deixando-me indefesa com as incertezas de momentos frágeis.
Levanto-me e procuro a chave, mas não encontro...
A aflição da perda...
Loucamente grito deixem-me, deixem-me, por favor...
Apenas quero viver...
Não compreendem...

A Lei das Ruas



Nasci para a vida e na vida não escolhi nada, a não ser querer viver...
Não interessa o corpo ou o local, apenas o nascer...
O sentimento do homem é imprevisível,
tanto o amor, como o abandono e a rejeição...
Preciso com urgência de corpos perfeitos para mostrar 
à sociedade o que consegui fazer...
Vou para a rua esmolar um olhar, nem que seja de piedade,
mas olham com pena...
A rua é de todos e é de ninguém...
Não tenho a mãe a dizer,
filho queres leitinho quente, filho tens frio...
Apenas tenho como tecto a lua, o sol e durmo sobre a relva
num orvalho transparente, húmido, gelado
do vento rasteiro que varre o lixo leve...
Folhas chocalham como guizos de alerta,
onde os morcegos da noite passam beliscando
o pão da fome, duro pelo tempo, encontrado aqui, ali...
Sorrio pelo banho da chuva e o sabonete de terra
limpa a sujidade de almas cansadas de caminhar para um vazio...
Rastejo na esperança de encontrar a minha mãe...
Uma procura fantasma, porque não sou filho de ninguém...
Vivo num jardim zoológico e a troco de umas moedas rastejo pela vida...
Sou igual a ti, porque nasci de uma mãe, hoje mulher...
Mas sou diferente...
Não fui eu que pedi...
Afinal onde é que está o meu erro?
A vida dada, a vida vivida...