sábado, 13 de setembro de 2014

O Inesperado



Recebi a notícia...
Sufocada esperei a mentira na verdade,
a selecção de vidas filmadas ao milímetro.
Revejo a saudade de escassos instantes, a morte...
Levaste-me o milagre que carrego no meu ventre...
Feitiço de amor correspondido na ternura de te ter ao meu lado.
Na doença a tua presença ensinou-me em como sou feliz por sorrires...
Comparações esquecidas pela notícia da tua morte...
Mãe que chora o nascimento...
Mulher que chora a tua ausência...
Na esperança de te encontrar no caminho da vida
pego em farrapos que me restam...
Visto-me de luto na luta de sobreviver
na dor da separação do corpo e da alma...
Teimoso na tua luta de vida
quebras o teu silêncio com palavras de despedida... 
O inesperado, esperado aconteceu...
Nas minhas mãos uma réstia de fumo de vida, um cinzeiro...
Hoje, pego no sorriso de memórias,
na fotografia do álbum beijo
loucamente o fantasma sem corpo...
Sim, és tu meu filho...
Sim, és tu meu pai...
Sim, és tu meu marido...
Sim, és tu meu tudo...
És o inesperado...